Pandemia

Em meio à Covid-19, muitas zoonoses passam despercebidas, como a febre maculosa, alerta a Fiocruz

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
18/03/2022 às 16:05.
Atualizado em 18/03/2022 às 16:13

Em meio à pandemia de Covid-19 e aos surtos de dengue que surgem nos períodos chuvosos, muitos profissionais de saúde deixam de realizar o devido diagnóstico de outras zoonoses (doenças transmitidas de animais para pessoas), alerta a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo a Fiocruz,  as principais doenças que acabam tendo detecção tardia nesta época são: febre maculosa, febre Q, hantaviroses, arenaviroses e bartonelose. Todas apresentam sintomas iniciais parecidos com os de outras infecções, incluindo febre, dor de cabeça ou no corpo e mal-estar.

Entre as doenças destacadas pela fundação, a febre maculosa e as hantaviroses são as mais frequentes. Embora não causem epidemias, elas têm impacto importante na saúde pública, principalmente pelo alto índice de mortalidade. Entre 2010 e 2020, foram confirmados mais de 1,9 mil casos de febre maculosa no Brasil, com 679 óbitos, o que significa uma taxa de letalidade de 35%, informa a Fiocruz. No mesmo período, 996 infecções por hantavírus foram confirmadas, com 414 mortes, o que corresponde a uma taxa de mortalidade de 41%.

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Febre maculosa

Transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma sculptum), a febre maculosa é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Esses carrapatos podem parasitar diferentes animais domésticos e silvestres, incluindo bois, cavalos, cães, gambás, coelhos e capivaras. Segundo o Ministério da Saúde, há relatos de casos em todas as regiões do Brasil, mas a maior parte dos registros ocorre no Sudeste e Sul.

As primeiras manifestações da doença são febre alta, dor de cabeça e no corpo, falta de apetite e desânimo. Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas na pele. O tratamento com antibiótico cura a infecção, mas precisa ser administrado nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas, de acordo com a Fiocruz.

Hantaviroses

Os chamados hatanvírus, encontrados principalmente em roedores silvestres, podem contaminar os humanos por meio da urina e das fezes dos animais. Os micro-organismos ficam suspensos no ar em forma de aerossóis e acabam inalados.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, trabalhadores agrícolas são os mais afetados pelas hantaviroses, especialmente em galpões de armazenamento de grãos, onde os roedores procuram comida. Essas doenças estão presentes em todas as regiões do Brasil.

Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, nas articulações, nas costas ou na barriga, e alterações gastrointestinais. As pessoas com hantavirose podem desenvolver uma síndrome cardiopulmonar, com falta de ar, respiração e batimentos cardíacos acelerados, tosse e queda de pressão. Como não há medicação contra esse tipo de vírus, o tratamento é orientado caso a caso, com medidas de suporte aos pacientes.

Arenaviroses

Causador da febre hemorrágica brasileira, o vírus Sabiá (da família Arenaviridae) reemergiu em 2020 após cerca de 20 anos sem registros, causando infecção em um homem, que morreu devido à doença, revela a Fiocruz. O caso foi registrado em São Paulo, o mesmo estado onde o vírus foi identificado pela primeira vez, em 1994.

Essa doença também é encontrada em roedores e pode causar alterações neurológicas e febre hemorrágica. Além do Sabiá, existem outros quatro arenavírus que afetam humanos na América do Sul.

Assim como os hantavírus, os arenavírus são transmitidos por aerossóis contendo o micro-organismo, expelido pela urina e fezes de roedores infectados. Por apresentar um quadro semelhante à dengue hemorrágica e à febre amarela, a fundação acredita que as arenaviroses podem ser subnotificadas.

Febre Q

Causada pela bactéria Coxiella burnetti, a febre Q é comum principalmente em áreas rurais, pela inalação ou pelo contato direto com secreções de animais infectados, incluindo leite, fezes, urina, muco vaginal ou sêmen de gado, ovelhas, cabras, cães, gatos e outros mamíferos domésticos.

Na maioria das vezes, a infecção é assintomática ou tem sintomas semelhantes aos da gripe. Porém, alguns pacientes podem desenvolver quadros graves, com pneumonia ou endocardite, revela a Fiocruz. O tratamento da infecção deve ser feito com antibióticos.

Bartoneloses

Conhecida como doença da arranhadura do gato, a bartonelose é causada por bactérias do gênero Bartonella. Os animais infectados podem transmitir o micro-organismo por meio de arranhões ou mordidas. Pulgas e carrapatos presentes nesses animais também são vetores.

Além de casos assintomáticos, a bartonelose pode provocar desde inflamação no local da ferida, inchaço nos gânglios e febre até quadros graves que afetam os nervos e o coração. Em geral, conforme a fundação, os gatos jovens têm mais chance de transmitir a infecção, e a doença se manifesta de forma mais intensa em pessoas com imunidade reduzida, como crianças, idosos e pacientes imunossuprimidos. O tratamento é feito com antibióticos.

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