Bem-estar

Estudo da USP mostra que poluição não afeta benefícios da prática de ciclismo nas cidades

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
14/08/2022 às 17:36.
Atualizado em 14/08/2022 às 17:39

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), publicado na edição de junho do jornal científico Regulatory, Integrative and Comparative Physiology, revela que os benefícios de pedalar na cidade grande são capazes de superar os efeitos negativos da exposição à poluição.

Foram realizadas simulações em um ambiente fechado da Escola de Educação Física e Esporte da USP, tendo como base a corrida contra o relógio, em que o ciclista precisa cumprir um percurso no menor tempo possível. O ar circulante foi controlado quanto à exposição ou não a gases provenientes de partículas poluidoras. A pesquisa constatou que a maior quantidade de poluentes não alterou o desempenho esportivo e fisiológico dos participantes. Esses resultados indicam que estar exposto à poluição pode não ser um fator limitante da atividade física.

“Foram analisados 10 ciclistas, classificados como recreacionalmente treinados com base em dados obtidos por um teste de consumo máximo de oxigênio. Cada um dos voluntários realizou cinco visitas ao laboratório”, relata o educador físico e pesquisador André Casanova Silveira, um dos autores do estudo, em entrevista ao Jornal da USP.

Segundo o pesquisador, o objetivo foi analisar se a poluição teria algum efeito prejudicial no desempenho em uma atividade física predominantemente aeróbia de longa duração, no caso, uma corrida contra o relógio de 50 km, em ciclistas treinados e residentes na cidade de São Paulo.

“Tivemos acesso a um modelo experimental, um contêiner preparado com filtros capazes de impedir a entrada de gases e partículas, criando um ambiente controlado, inclusive de variáveis como temperatura e umidade relativa do ar. Nós avaliamos dois cenários, a poluição ‘real’ do local entrando no contêiner ou a condição filtrada, onde o sistema de filtros diminui a quantidade de poluentes que está entrando no ambiente”, completa André Silveira ao Jornal da USP.

O estudo avaliou fatores fisiológicos, como frequência cardíaca, pressão arterial e parâmetros sanguíneos, incluindo saturação de oxigênio. Também foram analisados os principais marcadores inflamatórios, que são substâncias produzidas pelas células do sistema imunológico em resposta a algum tipo de “agressor”.

Benefício do exercício
De acordo com o pesquisador, os principais achados do estudo demonstram que os parâmetros relacionados ao desempenho esportivo, assim como os indicadores fisiológicos e inflamatórios, não foram alterados em pessoas treinadas em ambiente com baixa qualidade de ar.

“No entanto, o ambiente poluído levou ao aumento de marcadores de neuroplasticidade comparado ao ambiente limpo, o que poderia indicar que os efeitos benéficos do exercício podem ser evidenciados em pessoas treinadas mesmo expostas a uma baixa qualidade do ar”, revela André Silveira. Os marcadores de neuroplasticidade são produzidos, principalmente, por células do cérebro e representam um fator induzido pelo exercício relacionado à melhora cognitiva, de memória e aprendizagem.

O pesquisador salienta que os resultados da pesquisa sugerem que a exposição à poluição atmosférica pode não ser um fator limitante ao desempenho de ciclistas que residem e treinam em ambientes poluídos.

(*) Com Jornal da USP.

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