Saúde

Estudo do governo dos EUA associa produtos para alisar cabelo ao câncer de útero

João Paulo Martins
joao.oliveira@hojeemdia.com.br
18/10/2022 às 19:03.
Atualizado em 18/10/2022 às 19:15
 (Pixabay / Divulgação)

(Pixabay / Divulgação)

Mulheres que usam produtos químicos para alisar cabelo podem ter risco aumentado de câncer de útero em comparação com as que não utilizam esse tipo de produto, de acordo com estudo realizado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NHI na sigla em inglês) dos Estados Unidos – principal agência de saúde pública do governo americano.

Os pesquisadores não encontraram associações entre o surgimento do tumor e outros produtos capilares normalmente usados pelo público feminino, como tinturas, descolorantes e para permanentes.

O levantamento, publicado nessa segunda-feira (17) no periódico científico Journal of the National Cancer Institute, usou dados de 33.497 americanas de 35 a 74 anos que participaram do estudo Sister Study, realizado pelo Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental, que faz parte dos NIH, e que busca identificar fatores de risco para câncer de mama e outras condições de saúde.

As voluntárias foram acompanhadas por quase 11 anos e, durante esse período, foram diagnosticados 378 casos de câncer de útero.

Segundo os Institutos Nacionais de Saúde, as mulheres que relataram uso frequente de produtos para alisar o cabelo, equivalente a mais de quatro vezes no ano, tinham duas vezes mais chances de desenvolver tumor uterino do que as que não faziam alisamento.

“Estimamos que 1,64% das mulheres que nunca alisaram cabelo poderiam desenvolver câncer uterino aos 70 anos; mas para usuárias frequentes, esse risco sobe para 4,05%”, disse a pesquisadora Alexandra White, principal autora do estudo recém-divulgado, citada pelo site dos NHI. “Esse risco dobrado é preocupante. No entanto, é importante contextualizar as informações, já que o câncer de útero é um tipo relativamente raro de tumor”, acrescentou.

Nesse caso, é importante não confundir o tumor uterino com o câncer do colo do útero que, segundo dados do Ministério da Saúde, é o terceiro mais comum nas brasileiras, perdendo apenas para os tumores de pele não melanoma.

De acordo com o estudo dos Institutos Nacionais de Saúde, aproximadamente 60% das participantes que relataram fazer alisamento de forma frequente eram mulheres negras. Porém, o estudo não levou em conta a raça para examinar a relação entre o uso dos produtos para alisar cabelo e a incidência de câncer uterino.

“Como as mulheres negras usam produtos de alisamento ou relaxantes (capilares) com mais frequência e tendem a iniciar o uso em idades mais precoces do que outras raças e etnias, essas descobertas podem ser ainda mais relevantes para elas”, comentou a pesquisadora Che-Jung Chang, outra autora do estudo, também citada pelo site dos NHI.

Os pesquisadores também não coletaram informações sobre marcas ou ingredientes dos produtos usados no alisamento. No entanto, no artigo recém-publicado, eles observam que ingredientes comuns a vários desses produtos, como parabenos, bisfenol A, metais e formaldeído, podem ser os responsáveis pelo aumento do risco de câncer uterino.

“Até onde sabemos, este é o primeiro estudo epidemiológico que examinou a relação entre o uso de alisadores e câncer uterino. Mais pesquisas são necessárias para confirmar as descobertas em diferentes populações, para determinar se os produtos capilares contribuem para alterações de saúde que levam ao tumor e para identificar quais produtos químicos podem aumentar o risco de câncer nas mulheres”, disse Alexandra White ao site dos Institutos Nacionais de Saúde.

Leia Mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por