Fhemig transfere UTI pediátrica do João Paulo II; sindicato critica e teme fechamento definitivo
Fhemig nega fechamento e diz que a medida é temporária; trabalhadores cobram transparência e dizem que comunicado foi feito pelo WhatsApp
A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Infantil João Paulo II, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, está sem pacientes. Os 16 leitos da UTI Pediátrica foram transferidos para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, que funciona próximo à unidade infantil.
Segundo a Fundação Hospitalar de Minas (Fhemig) a medida é temporária e integra um processo de modernização da rede. No entanto, a situação preocupa o Sindicato dos Trabalhadores (Sindsaúde-MG). A categoria critica a falta de transparência e teme um fechamento definitivo do complexo.
Segundo a Fhemig, os pacientes foram realocados para permitir a instalação do sistema eletrônico de gestão hospitalar Tasy - que gerencia os dados assistenciais da rede, algo que exige adequações estruturais e elétricas no prédio. O prazo para conclusão das intervenções é de cerca de 60 dias.
A fundação garante que o João XXIII tem estrutura e equipe suficientes para absorver a demanda, sem prejuízo ao atendimento. “Neste momento, o Complexo de Urgência da Fhemig dispõe de oito leitos vagos de UTI pediátrica, assegurando a plena capacidade de atendimento às crianças que necessitem desse tipo de cuidado especializado”, informou, em nota.
A entidade também destacou que os servidores foram informados sobre a medida em reuniões, registradas em atas, e que não houve prejuízo na assistência durante a transferência. O pronto atendimento do João Paulo II continua em funcionamento.
Já o Sindsaúde-MG relata que trabalhadores e conselheiros locais não foram consultados previamente e que a comunicação chegou por meio de mensagens de WhatsApp, quando a transferência já estava em andamento. “Não existia nenhum documento oficial, não existia nenhum comunicado. […] Estamos falando de um CTI pediátrico, o único da nossa região, referência em doenças infectocontagiosas e doenças raras”, afirmou a diretora Neuza Freitas.
Ela também apontou preocupação com o histórico de outras unidades. “A mesma desculpa de reforma foi usada para fechar o bloco cirúrgico do Maria Amélia Lins, que já faz oito meses e até hoje não foi reaberto. A grande preocupação é porque já foi anunciado que o João Paulo II está na linha de frente do governo para ser fechado a partir da construção do novo complexo que o próprio governo está anunciando”, disse.
O sindicato cobra maior transparência e participação dos trabalhadores nas decisões que afetam diretamente o atendimento. “Não somos contra obras, queremos melhorias para os pacientes, para os trabalhadores e em todas as unidades hospitalares, não só do Hospital João Paulo II. O que nós queremos é transparência”, completou Neuza.
*Estagiária, sob supervisão de Renato Fonseca
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