Hábito saudável da família estimula alimentação adequada na escola

Júnia Ramos
jramos@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/08/2016 às 17:43.Atualizado em 15/11/2021 às 20:13.
 (Cristiano Machado)
(Cristiano Machado)

Com o fim das férias escolares, os pais encontram-se novamente com o dilema de escolher uma merenda saudável e que agrade aos pequenos. Para cumprir a missão, o que não podem faltar é criatividade e muito jogo de cintura. E o mais importante, de acordo com especialistas, é ser exemplo dentro de casa: os que privilegiam uma alimentação rica em nutrientes tendem a passar o hábito para os filhos.

É assim na casa da economista Daniela de Britto Pereira, que garante seguir à risca as dicas para o lanche equilibrado que a filha Elisa Mares, de 10 anos, leva para a hora do recreio. Diariamente, e com muito carinho, ela faz questão de preparar a merenda da menina e não abre mão de incluir alimentos saudáveis no cardápio. 

“Trata-se de uma cultura familiar. Coloco suco natural, biscoito integral, pão de queijo e frutas. Ela já está habituada e adora. Não existe sofrimento”, conta Daniela.

Quando viaja, a economista já deixa com a filha um cartão de lanche nutricional, fornecido pela escola onde a criança estuda. “Vou tranquila porque sei que ela vai continuar com a alimentação adequada".

Exemplo

A atitude de Daniela de Britto é aplaudida pela vice-presidente do Comitê de Nutrologia da Sociedade Mineira de Pediatria, Adriana Reis Brasil. “Os pais devem estar cientes que, para que as crianças tenham bons hábitos alimentares, eles também precisam ter. Crianças normalmente se espelham neles e fica difícil para elas entender que aquilo não é saudável se os pais comem todos os dias esse alimento”, afirma.

Para a nutróloga, a família que não tem hábitos saudáveis precisa de muita criatividade para unir praticidade com qualidade na preparação da lancheira dos pequenos. A especialista alerta que há necessidade desse cuidado, uma vez que crianças de 2 a 12 anos consomem muita energia na escola e desidratam mais facilmente que um adulto.

“Por isso a alimentação balanceada é fundamental para o crescimento e desenvolvimento. É preciso ter na lancheira uma proteína, uma fruta, que é fonte de vitamina, fibras, sais minerais e um carboidrato. Soma-se a isso uma bebida para hidratar, como água, suco natural ou água de coco”. As polpas de frutas também são recomendadas na preparação dos sucos.

Contraindicados
Ricos em gorduras, açúcar e sódio, alimentos industrializados são os grandes vilões na alimentação das crianças e devem ser evitados, conforme Adriana Reis. Nessa lista entram os sucos de caixinha, refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos e os embutidos. Frituras, doces e guloseimas também são contraindicados para a merenda escolar. 

Para suprir a necessidade de carboidrato da criança na escola, a nutróloga Adriana Reis recomenda um sanduíche com queijo branco, pães de queijo e biscoitos simples, como os de água e sal e de maisena; no caso das frutas, banana, maçã e laranja podem ser consumidas

Se o pai quiser incluir algum produto industrializado, a nutróloga recomenda os cereais integrais. “Mas é preciso que a família fique atenta e verifique os rótulos, preferindo alimentos com menor quantidade de gordura saturada, sódio e açúcar”, orienta a profissional.

Sem tempo
A nutróloga afirma que a correria do dia a dia acaba fazendo com que os pais ofereçam alimentos pobres em nutrientes para os filhos levarem para a escola. Nesses casos, a dica é reduzir a oferta para algumas vezes por semana e procurar orientações com um especialista em reeducação alimentar.

Também é recomendado se organizar e preparar a lancheira um dia antes, deixando os alimentos conservados na geladeira. Outra dica é pedir a participação das crianças na escolha do lanche. Isso ajuda a estimular o interesse dos pequenos pelos alimentos saudáveis. Adriana ressalta que o cuidado com a higiene deve ser observado. “É importante que os produtos sejam armazenados em merendeiras térmicas”, acrescenta.

Venda de produto inadequado nas instituições favorece agravamento do quadro de obesidade

Conforme as estatísticas, a cada três crianças brasileiras, uma é obesa. Professora de pediatria da UFMG, a endocrinologista Ivani Nonato Silva afirma que a alimentação inadequada e a falta de atividade física na infância contribuem para esse quadro.

“O que vemos são crianças ingerindo frequentemente alimentos com açúcar e conservante. Pelo fato das famílias terem uma vida muito corrida, nem sempre é possível preparar um lanche com mais qualidade. Além disso, algumas escolas favorecem a obesidade com as vendas das comidas industrializadas”.

Para identificar se a criança está obesa, é necessário avaliar o peso e a altura, conforme a idade. De acordo com Ivani, o excesso de peso pode desenvolver diabetes, pressão alta, problemas respiratórios e até ortopédicos.

Ela alerta sobre a importância dos pais na prevenção da doença. “A família precisa se envolver com o tratamento, mudando os hábitos alimentares e adotando um projeto de redução de peso”.

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