A luta contra a Covid-19 tem várias frentes de batalha e milhares de heróis de diferentes especialidades. Todos, porém, em prol de uma só missão: salvar vidas. Na data em que é celebrado o Dia Internacional da Enfermagem, conheça a história de alguns trabalhadores que têm sido decisivos na prevenção e no combate à doença. São pessoas que precisam lidar com medo, o cansaço e, não raro, a desvalorização profissional.
As perdas são a maior adversidade que Raissa Lima, de 21, diz enfrentar. Ela atua no Hospital Biocor, na Grande BH, há cinco meses. “As pessoas achama que a enfermagem é acostumada com a morte, mas todos os pacientes que se vão é como se eu tivesse perdendo um familiar, porque sei a dor que a família sente e o que isso causa. Então, meu maior desafio é engolir o choro e saber lidar”, revela.
Raissa diz que, no CTI, brinca com os pacientes e até mesmo se apega. Às vezes, quando retorna ao trabalho, e a pessoa está entubada ou desacordada. “É um exercício psicológico diário e, infelizmente, não somos valorizados”, afirma.

Raissa emocionada em seu ambiente de trabalho
Trabalhar por horas nas unidades de saúde, ficando isolados da família é outro desafio, conta a enfermeira sênior do Hospital Paulo de Tarso Ana Cláudia Barroso Vieira, de 30. “Estamos caminhando para quase dois anos de pandemia e de isolamento total dos meus pais. Não conseguir ver eles é uma das coisas que mais me deixa mais triste. Mas tenho fé e esperança que isso está próximo do fim”, diz.

Ana trabalha na recuperação e reabilitação de pacientes pós-Covid-19
Ana trabalha na recuperação e reabilitação de pacientes pós-Covid-19 que precisam de cuidados continuados e integrados para se recuperar das sequelas da doença. Emocionada, fala sobre a paixão pela profissão.
“Ser enfermeira é carregar a missão de olhar pelo outro e dar tudo de si para que vidas sejam ajudadas. Falo que a profissão exige dedicação, cuidado, disposição, sacrifícios. Mas, primeiro, vocação. O momento atual aplaude a enfermagem, e isso nos encoraja, emociona e transmite gratidão”.
Mortes
Em Minas, foram reportados 3.696 casos do novo coronavírus em enfermeiros e 44 óbitos, segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Rômulo Lima Barroso de Queiroz, de 35 anos, atuou no Centro Especializado em Covid-19 (Cecovid), instalado na UPA Centro-Sul, em Belo Horizonte. Diante do aumento de óbitos de colegas e profissionais que estavam prestando assistência, além da sobrecarga, pediu demissão no início do mês passado: “Mesmo sendo concursado na unidade, não dei conta de toda demanda, da sobrecarga física e emocional”, desabafa.

Rômulo lutando pelos seus direitos
O presidente do Conselho Regional de Enfermagem, Bruno Farias, reforça sobre a importância da categoria que tem um papel vital no sistema de saúde. “Somos mais de 250 mil profissionais em Minas e 2,4 milhões no país, representando a maior categoria no Brasil. A enfermagem vem se tornando cada vez mais essencial no sistema de saúde e na assistência hospitalar já que, das equipes multiprofissionais, é a que atende o paciente no leito 24 horas. Com a pandemia, enfermeiros, técnicos e auxiliares se tornaram imprescindíveis para a saúde mundial”.
(*) Especial para o Hoje em Dia