Saúde

Reino Unido investiga possível ligação entre contato com cães e hepatite misteriosa em crianças

João Paulo Martins
joao.oliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/05/2022 às 13:02.

Autoridades de saúde do Reino Unido estão investigando a possibilidade de cães estarem causando o aumento dos casos de hepatite aguda em crianças. A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UK Health Security Agency) disse nessa sexta-feira (6) que os casos da hepatite misteriosa saltaram de 18 na semana passada para 163, incluindo 11 crianças que precisaram de transplantes de fígado depois que seus órgãos ficaram seriamente danificados.

Como esse tipo de hepatite aguda grave é rara em crianças, os casos despertaram medo em todo o mundo.

Segundo o jornal britânico The Telegraph, as autoridades de saúde do Reino Unido acreditam que o adenovírus, que causa infecção viral geralmente leve como resfriado comum, continua sendo a principal suspeita para as infecções hepáticas nas crianças.

Mas o relatório da Agência de Segurança da Saúde acrescentou que “números relativamente altos” de crianças afetadas (70% dos 93 avaliados) vivem em lares com cães ou tiveram alguma outra “exposição” aos animais de estimação antes de adoecer. Essa relação está sendo avaliada pelo órgão britânico.

A agência de saúde alertou que ter um cachorro é algo comum no Reino Unido e que a falta de dados sobre a quantidade de cães presentes em famílias com crianças pequenas dificultaria a avaliação dessa hipótese de contaminação.

Para o pesquisador François Balloux, da Universidade College de Londres, é complicado pensar em “uma explicação sensata” para a ligação entre a exposição aos pets e o aparecimento da hepatite em crianças.

“Os cães carregam seus próprios adenovírus, incluindo o CAV-1, um patógeno que ataca o fígado do animal. Mas não há evidência anterior de que o CAV-1 seja capaz de infectar humanos”, comenta o especialista ao The Telegraph.

Outras possíveis causas
Existem outras teorias que estão sendo avaliadas para explicar o “surto” da misteriosa hepatite que vem afetando crianças em todo o mundo e que possui sete casos suspeitos no Brasil.

Uma delas é que as medidas de isolamento social tomadas na pandemia de Covid-19 podem ter enfraquecido a imunidade das crianças. Elas teriam sido menos expostas a micro-organismos comuns enquanto estavam isoladas.

Nesse caso, até o coronavírus está sendo investigado. Até agora, 14% das crianças afetadas pela hepatite no Reino Unido testaram positivo para Covid, e os cientistas não descartaram a possibilidade de que os casos sejam consequência da infecção.

Outra possibilidade é que haja uma “onda excepcionalmente grande de infecções por adenovírus”, o que significa que complicações muito raras estão se apresentando com mais frequência, ou que esta seja uma variante do vírus.

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