Segunda derrota de peso na Copa do Mundo deve derrubar Felipão da Seleção

Agência Estado
13/07/2014 às 17:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:22
 (ANDREAS GEBERT)

(ANDREAS GEBERT)

A derrota por 3 a 0 para a Holanda deverá fazer o presidente da CBF, José Maria Marin, mudar os planos em relação ao futuro treinador da seleção brasileira. Além de estar abandonando a ideia de manter Luiz Felipe Scolari pelo menos até o fim do ano, ele vem sendo aconselhado a anunciar logo o substituto, para começar a "virar a página" do fracasso na Copa e, acima de tudo, causar impacto.

Marin é político por formação e tudo indica que agirá como tal. Não quer se indispor com imprensa e opinião pública, apesar de dizer que as suas decisões independem de fatores externos. Sabe que não mexer na comissão técnica depois do vexame contra a Alemanha e da péssima despedida contra a Holanda vai resultar em uma saraivada de críticas contra ele e o presidente eleito, Marco Polo del Nero. "Ele está calculando bem os passos. Talvez não tome a decisão que gostaria, mas a mais prática", disse um interlocutor de Marin.

Na véspera da derrota para a Holanda, Marin estava disposto a dar sobrevida a Felipão, entre outros motivos, para não dar a impressão de que o "jogou aos leões". Mas após mais uma montagem equivocada de equipe (na visão do dirigente) e das vaias no estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, percebeu que não vale a pena ir contra a maré.

Marin espera para esta segunda ou terça-feira o relatório de Felipão. O problema é que nesta segunda estará em São Paulo e prefere receber o treinador na sede da CBF, no Rio. Scolari colocou o cargo à disposição e isso facilitará as coisas. Como bom político, vai aceitar. Ele não decidiu quando anuncia o substituto. Pode ser Alexandre Gallo, ainda que interinamente, com a desculpa da Olimpíada de 2016, no Rio.

ARREPENDIMENTO

Se pudesse voltar a 7 de maio, quando apresentou os 23 jogadores para a Copa do Mundo, Felipão teria feito alterações. Depois de 49 dias e duas derrotas feias para Alemanha e Holanda, o técnico sabe que não teve o retorno que esperava de alguns atletas. Convocou na confiança e se deu mal. E não foi por falta de cobrança, demonstração de confiança e tentativa de tirar a pressão dos jogadores. O treinador errou ao chamar muitos bons moços, sem malandragem, imaturos, como se comprovou quando o Brasil mais precisou deles.

Fosse no trabalho de clube, o torcedor pensaria que o elenco estava trabalhando contra o chefe. Não foi o que a comissão técnica detectou. O respaldo que Felipão queria era em campo, no comando de alguns jogadores, nas lideranças que não aconteceram, tanto de Thiago Silva quanto de Fred, um dos mais abalados com a sua secura de gols e pouca movimentação.

O Brasil tampouco esperava o revés da saída de Neymar, lesionado nas quartas. Felipão preparou a seleção para correr por ele. Sempre que eram perguntados de sobre o papel de Neymar, os jogadores respondiam que todos estavam ali para dar condições de jogo a ele. Sem Neymar, a seleção se perdeu, encolheu, morreu. Os jogadores perderam a referência e não souberam reagir. Faltou alguém no elenco que pudesse assumir esse papel.

Felipão jamais vai assumir isso publicamente. Não seu perfil. Ele carrega seus times no colo e com ele é capaz de morrer abraçado, como se viu nesta Copa.
 

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