Serra da Canastra é cobiçada por mineradoras

Do Hoje em Dia
24/12/2012 às 07:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:59

O Parque Nacional da Serra da Canastra, situado numa região que vem sendo cobiçada por empresas mineradoras de diamantes, como denuncia este jornal, foi criado em 1972, pelo general Emílio Garrastazu Médici, para proteger as nascentes do rio São Francisco. Considerado o mais duro entre os presidentes de um regime ditatorial que não valorizava as questões ambientais, Médici surpreendeu ao criar o parque, mas não teve forças para que ele ganhasse os prometidos 200 mil hectares. Até agora, o governo só conseguiu desapropriar 71.525 hectares.

Essa área demarcada fica no território de três municípios da Serra da Canastra: São Roque de Minas, Sacramento e Delfinópolis. No primeiro se localiza a cachoeira Casca D’Anta, considerada o marco mais importante das nascentes do rio. Isso era incontestável, até que o jornal brasiliense “Folha do Meio Ambiente” publicasse, em abril de 2004, reportagem baseada num relatório de uma equipe técnica da Codevasf, mostrando que o São Francisco é mais extenso, em 49 quilômetros, e que sua verdadeira nascente fica no planalto do Araxá, no município de Medeiros.

A descoberta não foi homologada ainda pelo IBGE. Se o for, não haverá motivo para minimizar a importância ambiental do parque criado por Médici, com seus campos rupestres, manchas de cerrado e matas ciliares, com córregos e ribeirões e muitas cachoeiras. E onde sobrevivem animais ameaçados de extinção, como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará e o veado-campeiro.

É impossível acreditar, como o senador Rodrigo Rollemberg, do PSB do Distrito Federal, que a atividade de mineração possa ocorrer dentro de uma área de preservação da natureza com impactos mínimos ambientais. Há diversas empresas interessadas na redefinição dos limites do parque, algumas com títulos minerários do Departamento Nacional de Produção Mineral que estão suspensos à espera da definição.

O senador Rollemberg é o relator do projeto de lei que redefine esses limites. Em substitutivo apresentado à Comissão de Meio Ambiente, ele sugere a construção de um “mosaico” de unidades de conservação ao redor do Parque – que seria denominado Monumento Natural dos Vales da Canastra –, em vez de uma única Área de Proteção Ambiental (APA), defendida pelos ambientalistas. A diferença é que na APA não é permitida mineração e, no Monumento, sim. É a velha estratégia de conquistar dividindo. Minas precisa se unir em torno de seus verdadeiros interesses.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por