Site instiga usuários a procurar pessoas muito parecidas sem nenhum grau de parentesco pelo mundo

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
21/09/2015 às 07:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:48
 (Editoria de Artes)

(Editoria de Artes)

Já imaginou encontrar um gêmeo seu perdido por aí? Alguém com rosto, olhos, nariz e até com feições iguaizinhas às suas? Pode parecer impossível, mas não é. Intrigada com uma lenda que diz que todo mundo tem pelo menos sete pessoas idênticas a si, uma irlandesa decidiu criar um site que ajuda quem quer encontrar o sósia perfeito.


Twin Strangers, como foi batizado, ou Gêmeos Desconhecidos, na tradução para o português, reúne informações compatíveis dos usuários cadastrados e possibilita o encontro dos “separados na maternidade”.


Moradora de Meath, cidade ao norte da capital da Irlanda, a “dona” da ideia, Niamh Geaney, de 26 anos, teve sucesso imediato na empreitada e encontrou não só uma, como duas irmãs gêmeas. A primeira delas, Karen Branigan, que vive em Dublin, apareceu em duas semanas. A outra “irmã”, a italiana Luisa Guizzardi, alguns meses depois. A experiência, relatou a moça em um vídeo postado no site, valeu a pena.


“Karen provavelmente parece mais comigo do que minhas irmãs. Comecei a ficar nervosa, querendo saber como reagiria ao encontrar alguém que se parece comigo. E durante todo o encontro, praticamente só olhava pra ela”, contou.

 

SEMELHANÇA ESPANTOSA


Outro encontro inusitado, dessa vez nos Estados Unidos, deixou até os parentes das moças espantados e confusos. A despeito da diferença de idade, a semelhança entre Jennifer, de 23 anos, e Ambra, de 33, foi de fato assustadora.


“Quando finalmente a encontrei, pensei ‘meu Deus, ela tem a minha cara’. Foi incrível o momento em que a vi pessoalmente. Não conseguia tirar meus olhos dela”, disse Ambra, que viajou da Carolina do Norte ao Texas para conhecer a “irmã postiça”.


POPULAR NA INTERNET


No Facebook, o projeto, criado há pouco mais de seis meses, contabiliza mais de 300 mil curtidas e pelo menos dez encontros bem sucedidos. Um deles foi entre uma brasileira e uma norte-americana. Na foto compartilhada na internet, até as expressões das meninas são semelhantes. No Instagram – rede social exclusiva para postagem de fotos –, já são quase 4 mil seguidores em apenas dois dias.


INSTIGANTE


Para a psicóloga Hunayara Lorena Tavares, especialista em neurociência e comportamento, o que leva as pessoas a buscar um semelhante entre os desconhecidos é a curiosidade e a sensação de estar frente a frente com si mesmos. Segundo ela, para muita gente, uma aparência física parecida gera a expectativa de semelhanças emocionais e de comportamento.


“O ser humano tem dificuldade de fazer uma reflexão plena sobre quem ele é, de se autoconhecer. Achar alguém que seja fisicamente igual à gente é como se nos encontrássemos e isso, de certa forma, diminui nossa frustração, conforta”, explica. Cadastre-se no site twinstrangers.net para encontrar seu gêmeo.


Semelhanças são fruto de associações aleatórias

A palavra “gêmeo” só pode ser empregada para descrever pessoas, filhas do mesmo pai e da mesma mãe e que nascerem juntas, no mesmo parto. Eles podem ser diferentes (bivitelinos), quando dois embriões diferentes são gerados na fecundação, ou exatamente iguais, quando um mesmo embrião se divide em dois para formar as duas crianças. No último caso, em função de um erro genético, são chamados de univitelinos.

Segundo o médico Ricardo Leão, diretor da clínica Santafértil, especialista em reprodução humana, a semelhança física entre os desconhecidos, multiplicada pelo Twin Strangers, no entanto, tem outra explicação. A primeira delas está ligada às feições ou à forma como se expressam: pelo movimento das sobrancelhas ao falar, por exemplo, ou à maneira de sorrir. Já a segunda diz respeito às interações familiares, um tipo de herança familiar.

“O meu rosto e o seu rosto são resultado da interação dos rostos dos nossos pais. E os dos nossos pais da interação da face dos nossos avós. Acaba que isso vira uma associação aleatória e, em um caso ou outro, a junção de um olho e um nariz semelhantes podem trazer um rosto que se pareça com outro”.

Em uma família de gêmeos, as chances de a semelhança física se perpetuarem são maiores. O motivo, segundo o especialista, é que a divisão embrionária que gera duas crianças é uma questão genética.

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