Sob a tutela de Parreira, Fred vira peça fundamental na seleção

Agância Estado
29/05/2014 às 20:43.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:47
 (Gaspar Nóbrega/VIPCOMM)

(Gaspar Nóbrega/VIPCOMM)

Carlos Alberto Parreira resolveu "adotar" Fred nesses dias de preparação da seleção brasileira na Granja Comary. Aos 71 anos, com vasta quilometragem em Copas do Mundo, o coordenador técnico tem se dedicado a dar conselhos ao atacante e ouvir dele as reações do grupo de jogadores. Parreira entende que para Neymar brilhar e, por tabela a seleção, Fred é fundamental.

Um exemplo de dedicação do coordenador ao atacante se viu na segunda-feira. Sentado no banco da comissão técnica, à beira do campo na Granja, Parreira esperou por Fred com a paciência de um monge até o jogador se sentar ao seu lado após o primeiro treino da seleção com bola em Teresópolis.

Conversaram por uns dez minutos, sempre com Parreira apontando a zona da grande área do campo, habitat natural de Fred. À distância não foi possível perceber o teor das observações do coordenador ao jogador. Mas, no dia anterior, Parreira já havia indicado qual a sua preocupação com o atacante.

"Conversei com o Fred e pedi para se movimentar mais, sair da área. Lá dentro, ele é presa fácil e prejudica Neymar, não abre espaço", disse Parreira. "Nos últimos jogos do Fluminense, o Fred ficou muito preso na grande área. Aqui, na seleção, ele tem de se movimentar." Na lógica do coordenador, o atacante tem de se coçar, distrair os defensores e abrir o território para Neymar transitar. É uma das armas da seleção.

Fred, evidente, aceitou as ponderações de Parreira. Na Copa das Confederações no ano passado, o atacante já havia agradecido ao conselheiro. "Para mim ele (Parreira) é fundamental. Ele conversou comigo antes do jogo contra a Itália (vitória do Brasil por 4 a 2). Como nosso time é rápido, tem muita movimentação, eu mudei um pouco o jeito de jogar, caí pelos lados, por conta da orientação dele. É um cara que ajuda muito a gente", diz Fred.

REENCONTRO
A admiração por Fred vem desde a Copa do Mundo de 2006. Destaque do Cruzeiro, após ser revelado pelo América, o atacante estava no Lyon quando foi convocado por Parreira para ser reserva de Ronaldo no Mundial da Alemanha.

Voltaram a se encontrar em 2009, no combalido Fluminense. Apesar da confiança total no atacante, Parreira não conseguiu tirar o time carioca do buraco e pediu o boné. Cansado da rotina de técnico de clube, o treinador aposentou a prancheta em 2010 e ficou esquecido até ser chamado pela CBF, em novembro de 2012, para compor o comando da seleção brasileira ao lado de Luiz Felipe Scolari.

Na primeira convocação feita pela nova dupla de comandantes para o amistoso contra a Inglaterra, Fred apareceu na lista na condição de reserva de Luis Fabiano. Ele entrou no segundo tempo e, aos 3 minutos, fez o gol de empate (o Brasil perdeu por 2 a 1). Dali para frente virou figurinha carimbada nas convocações de Felipão e Parreira. Antes, era preterido por Mano Menezes, técnico da seleção entre 2010 e 2012.

Peça importante na conquista da Copa das Confederações no ano passado, Fred ganhou status de um dos líderes do novo grupo da seleção. Não por acaso, passou a ser monitorado por Carlos Alberto Parreira.

Ao acompanhar o atacante no seu dia a dia no Fluminense, o coordenador da seleção ficou preocupado com a série de lesões sofridas pelo jogador nos últimos meses de 2013 e nos primeiros de 2014. E ainda mais quando o atacante comprou briga com as torcidas organizadas. Parreira só se tranquilizou quando teve a certeza de que Fred havia se recuperado das lesões e poderia ser convocado para a Copa.

O coordenador tratou de dar importância ainda maior ao atacante, ao mostrar que ele deveria se sacrificar um pouco mais para deixar o trânsito livre para Neymar passar. Incentivou os dois a formar uma parceria dentro e fora de campo. Na prática, Fred, além das obrigações táticas, vai ser um interlocutor de Parreira e Felipão durante os jogos. Fora, tem apoio para descontrair o ambiente com sua irreverência e picardia.

O papel de Fred, líder sem ser capitão da seleção, é o mesmo que jogadores até mais discretos do que ele tiveram em outras Copas do Mundo. Em 2002, na Coreia do Sul e Japão, Roque Júnior assumiu essa missão no Mundial.

Questionado pela crítica, Roque virou titular da seleção e ganhou status de conselheiro de Felipão, que confiava nos conhecimentos táticos do zagueiro. Não por acaso, Roque Júnior foi convocado agora para ser observador da comissão técnica para analisar os adversários do Brasil na Copa.

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