Teste: Chevrolet Trailblazer é valente, mas ficou cara demais

Marcelo Jabulas
@mjabulas
13/11/2021 às 11:18.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:15
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

O Chevrolet Blazer foi o primeiro SUV derivado de picape média feito no Brasil. O modelo chegou na segunda metade da década de 1990, usando chassi da S10. Naquela época, utilitários com carroceria sobre chassi predominavam na praça. Um cenário bem diferente de hoje, em que a esmagadora maioria utiliza estrutura monobloco.

 Em 2012, o Blazer se transformou em Trailblazer. Apesar do novo nome e do visual renovado, a SUV mantinha o mesmo conceito de construção que remonta aos primórdios da indústria do automóvel. A grande vantagem desse tipo de veículo é a robustez de sua estrutura e também da suspensão. 

O jipão conta com conjunto cascudo herdado da picape. Na traseira, como não leva carga, o feixe de molas deu lugar às molas helicoidais. Mesmo assim, é um carro feito para encarar terrenos acidentados, sem medo quebrar no caminho.

O problema é que o Trailblazer é caro, grande, pesado e há opções compactas que são mais práticas no uso coditiano e também dão conta de uma aventura no final de semana. Assim, o interesse pelo SUV encolheu consideravelmente nos últimos anos. De janeiro a outubro, o modelo emplacou 2.859 unidade, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). 

Um volume três vezes menor que a rival Toyota SW4, que acumula quase 11 mil unidades emplacadas. E se não bastasse, do total do jipão da GM. 2.050 unidades foram negociadas na modalidade de venda direta, em que é feita entre pessoas jurídicas.

Hoje, comprar como “PJ” se tornou uma saída para baratear o preço final, de quem tem CNPJ. Ainda mais para um carro que parte de R$ 353 mil. Mas fato é que boa parte dos emplacamentos do Trailblazer foram para compor frotas. 

Raio-x Chevrolet Trailblazer Premier 2.8

O que é?
SUV grande, quatro portas e sete lugares.

Onde é feito?
Fabricado na unidade São Caetano do Sul (SP).

Quanto custa?
R$ 352.990

Com quem concorre?
O Trialblazer concorre no segmento de SUVs de sete lugares, com tração 4x4 e carroceria sobre chassi. Hoje disputa mercado com Mitsubishi Pajero Sport e Toyota SW4.

No dia a dia
O Trailblazer é o jipão da velha guarda, grandalhão e alto, ele coloca o motorista no segundo andar do trânsito. Ele oferece boa visibilidade e o ajuste elétrico do banco do motorista torna o acerto mais prático. Seu pacote de conteúdos é farto com direito ar-condicionado digital, trio elétrico (vidros, travas e retrovisores elétricos), computador de bordo, central MyLink (telefonia, aplicativos, câmera de ré, USB e conexões Apple CarPlay e Android Auto), além de sensor crepuscular, alerta de colisão frontal e monitor de permanência em faixa. 

O acabamento também é refinado com bancos revestidos em couro, assim como volante e até mesmo nos apoios de central e nas portas. O que faltou foi a partida sem chave, que não chega a ser uma falha, mas está presente em modelos mais baratos como o Tracker.

Outro recurso desse jipão é a terceira fileira. Para quem tem família grande, pode ser uma solução para levar a patota toda durante a semana e buscar aventuras nos finais de semana. O problema é que com a lotação máxima, o espaço do bagageiro desaparece. Os 554 litros se tornam apenas 205 litros. Já para levar algumas mochilas e um lanche.

Motor e transmissão
A unidade 2.8 de 200 cv e 51 mkgf de torque é a cereja do bolo da S10. O motor oferece todo seu torque a baixos 2.000 rpm, o que faz dela um carro extremamente forte. Já a caixa automática de seis marchas tem relações que privilegiam o torque em marchas curtas e relação longa em sexta para velocidades de cruzeiro em baixa rotação. Com o seletor de tração posicionado no modo 4x4 reduzido, a S10 vence com facilidade terrenos acidentados e ladeiras íngremes.

Como bebe?
A média de consumo no percurso urbano, rodoviário (4x2) e fora de estrada (4x4) foi de 8,9 km/l. 

Suspensão e freios
A suspensão recorre ao que é utilizado na S10, com sistema independente no eixo dianteiro e eixo rígido na traseira. Ele usa molas helicoidais na traseira, que faz dele mais macio que a picape, mas que sacoleja bastante, devido ao centro de gravidade elevado. Vale lembra que mesmo com toda a eletrônica, o Trailblazer é um SUV que utiliza um conceito de engenharia antigo. Assim, não convém abusar da velocidade, principalmente nas curvas. 

Os freios merecem atenção. Mesmo com suporte do ABS, o peso do veículo (2,1 toneladas) dificulta a frenagem, que demanda muito espaço para chegar à imobilidade. Na chuva é preciso redobrar a atenção. A versão conta com ESP e assistente de partida em rampa.

Palavra final
O Trailblazer é um carro legal demais para uma aventura off-road. Alto e muito forte, ele encara terrenos acidentados com facilidade. Mas a maioria dos consumidores buscam SUVs para uso urbano. E na cidade, seu porte prejudica, seja na busca de vagas ou escapar dos congestionamentos. Fatores que junto ao preço elevado, justificam a perda de interesse.

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