Teste: Guiamos o Tracker Premier 2022, que é tão raro como uma trufa branca

Marcelo Jabulas
@mjabulas
08/10/2021 às 09:07.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:01
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

Nunca comi, só ouvi falar. Mas dizem que uma das iguarias mais espetaculares da gastronomia é a trufa branca. O problema é que ela é rara e custa uma fortuna. Em 2021 o setor de automóveis tem se comportado como o mercado de trufas. Isso porque a falta de componentes afetou a produção de automóveis. A General Motors, assim como todo resto da indústria, tem tido dificuldade para fabricar seus carros, entre eles o Chevrolet Tracker. 

 A GM até anunciou que duplicaria os volumes, mas uma greve em fábrica de São Caetano do Sul, desde o dia 1º, complicou ainda mais a situação. O imbróglio entrou na lista de atrasos, como as obras de adequação da planta para produção da nova Montana, que será derivada do Tracker. 

Hoje, o SUV é uma raridade no mercado. Encontrar unidades para pronta-entrega não é fácil. E quando se acha, são em cores pouco procuradas como o vermelho, que não faz muito sucesso em utilitários. Um vendedor alegou que cores como prata ou chumbo tornam a demora mais longa. 

Mas nem por isso deixamos de conferir a linha 2022 do Tracker, na versão topo de linha Premier 1.2. Ela apresenta poucas novidades, mas não abre mão dos bons atributos. Uma das homeopáticas inclusões é a conexão sem fio para smartphones nos padrões Android Auto e Apple CarPlay. 

A conexão sem fio é de grande valia. Ainda mais nos dias de hoje em quem o celular espelhado facilita a navegação. Mas quem já conectou sem fio sabe muito bem que a autonomia da bateria do telefone despenca de forma drástica. A vantagem é que o Tracker Premier oferece base de carregamento por indução magnética. 

Mas o que chama atenção é o preço do Tracker. A versão de entrada parte de R$ 103,7 mil. Já a opção topo de linha salta para R$ 141.790. Dependendo da escolha de pintura ele vai a R$ 143.390. 

Muito caro para um carro que há um ano e meio estreou por R$ menos de 90 mil. Ou seja, o Tracker está avaliado a peso de trufa. 

Raio-x Chevrolet Tracker Premier 1.2

O QUE É?
SUV compacto, quatro portas e cinco lugares.

ONDE É FEITO?
Fabricado na unidade de São Caetano do Sul (SP)

QUANTO CUSTA?
R$ 141.790

COM QUEM CONCORRE?
O Tracker Premier concorre com as versões topo de linha dos SUVs compactos. São eles Chery Tiggo 5x, Citroën C4 Cactos, Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade, Peugeot 2008, Renault Captur e Volkswagen T-Cross.

NO DIA A DIA
O Tracker Premier é um carro que entrega muita comodidade no dia a dia. Esperto, espaçoso e com medidas semelhantes a de um sedã compacto (4,27 m), o motorista não sofre tanto para encontrar uma vaga como em um SUV médio. A posição de dirigir é boa, assim como a visibilidade. O espaço interno é bastante satisfatório e leva quatro adultos de forma bem agradável. Um quinto adulto comprometerá o conforto na segunda fileira. O porta-malas conta com 393 litros.

A versão é bastante equipada, o que garante muita comodidade no uso cotidiano. O único opcional é a pintura metálica. O resto faz parte do pacote que inclui itens como direção elétrica, ar-condicionado digital, multimídia (com conexão sem fio para Apple CarPlay e Android Auto), assim como 4G, Wi-Fi, quatro portas USB e câmera de ré). 

Ele ainda oferece serviço OnStar, carregador sem fio, teto solar panorâmico, bancos revestidos em couro, trio elétrico (vidros, retrovisores e travamento elétricos), seis airbags, assistente de estacionamento Easy Park, sensores de chuva, acendimento automático dos faróis e alertas de ponto cego e colisão, além de frenagem automática emergencial. 

MOTOR E TRANSMISSÃO
A unidade 1.2 três cilindros turbo de 133 cv e 21,4 kgfm oferece todo torque em apenas 2 mil rpm, o que garante agilidade e boa eficiência à unidade. Os quase 5 quilos a mais de torque fazem dele um motor muito mais esperto que a unidade 1.0, que está presente nas versões menos refinadas. 

No entanto, ele fica para trás diante da oferta de força e potência de seus rivais diretos, como os 24,5 quilos do franceses Cactus e 2008, assim como os 25 kgfm do T-Cross e pujantes 27 kgfm do novíssimo bloco 1.3 turbo do Captur.

A transmissão é a mesma caixa automática de seis marchas presente em diversos modelos, como Cruze, Onix, Onix Plus, Equinox e até mesmo dos finados Cobalt, Prisma e na geração passada do próprio Tracker. Seu pesar é a falta de opções de trocas manuais e ou borboletas, que são práticas nas retomadas. 

COMO BEBE?
Abastecido com álcool, a unidade testada registrou média de 9,6 km/l no combinado urbano e rodoviário.

SUSPENSÃO E FREIOS
O Tracker utiliza conjunto de suspensão de eixo rígido na traseira e McPherson na dianteira. O conjunto tem acerto voltado para o conforto, absorvendo bem as irregularidades do piso. Já os freios contam com discos no eixo dianteiro e (mantiveram) os tambores no traseiro. Ele ainda conta com assistente de partida em rampa “Hill Holder” e controle de estabilidade (ESP). 

PALAVRA FINAL
O Tracker chegou em 2020 para ser o modelo que a GM teria maior rentabilidade, explorando o interesse do consumidor por modelos de maior valor agregado. É um carro que tem cacife para disputar a liderança tanto em conteúdos, como confiabilidade e desempenho. Para o consumidor o grande problema é a escalada de preços. Ainda mais num cenário de escassez em que o varejo embute ágio como no mercado de trufas. Ou o amigo espera, ou escolhe outro prato do menu.

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