Proteção à biodiversidade garante o 5º selo de Aeroporto Verde ao BH Airport
Projeto de passagem reduziu em 83% os atropelamentos de animais silvestres no entorno do terminal

Pelo quinto ano consecutivo, o BH Airport foi reconhecido como Aeroporto Verde pelo ACI-LAC (Airports Council International - Latin America & Caribbean). Na edição 2025 do Green Airport Recognition, o projeto Passagem de Fauna foi premiado durante a Conferência e Exposição Anual do Conselho Internacional de Aeroportos, realizada em Trinidad e Tobago.
"Ao receber mais uma vez o selo de Aeroporto Verde, demonstramos a importância da pauta ESG para o BH Airport, em equilíbrio com a eficiência operacional e a modernização da nossa infraestrutura", avalia o CEO Daniel Miranda. "Atuamos tanto para minimizar o impacto da aviação no meio ambiente quanto para trazer soluções ao criarmos um ecossistema de proteção e conservação da biodiversidade, reforçando o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável", ressalta.
Os critérios de avaliação do Green Airport Recognition consideram o envolvimento da alta administração do aeroporto, demonstrando participação ativa e apoio; os benefícios de sustentabilidade, apoiados por dados quantitativos e indicadores que contribuam para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas; o engajamento das partes interessadas, com evidências de colaboração com equipes internas e parceiros externos, além da inovação.
A passagem de fauna foi construída pelo governo de Minas, sob responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG), antes mesmo do início da concessão ao BH Airport. "Hoje somos os responsáveis pela manutenção e monitoramento da fauna no local, protegendo a biodiversidade da região, em sinergia com a Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa (APA Carste)", esclarece Daniel Miranda.
O que é a passagem de fauna?
É um túnel de aproximadamente 2 metros de altura e 60 metros de comprimento, construído sob a rodovia LMG 800, principal acesso ao BH Airport. A estrutura favorece a circulação segura de animais silvestres entre dois grandes fragmentos florestais, formando um corredor ecológico para a vida selvagem na Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa, que integra o sítio aeroportuário.
Desde 2023, diversas espécies da fauna local vêm sendo registradas durante a travessia subterrânea, incluindo mamíferos silvestres típicos dos biomas Mata Atlântica e Cerrado, alguns classificados como ameaçados ou vulneráveis à extinção. Quase 20 espécies já foram identificadas circulando pela passagem. Entre elas, tamanduás-mirins, veados-catingueiro, iraras, ouriços-cacheiros, quatis, jaguatiricas, cachorros-do-mato, furões, tatus, gambás, capivaras, tapitis, morcegos e pacas.
O monitoramento é realizado pela equipe de manejo da fauna silvestre do BH Airport, por meio de armadilhas fotográficas que captam imagens e vídeos dos animais durante a travessia. Além de proteger a biodiversidade local e garantir o fluxo gênico entre espécies nativas, a passagem evita acidentes. Nos dois primeiros anos de acompanhamento, foi observada uma redução de aproximadamente 83% nos atropelamentos de animais silvestres ao longo da rodovia. Os relatórios e dados gerados são disponibilizados pelo aeroporto para subsidiar pesquisas e trabalhos científicos dentro da APA Carste.
Patrimônio natural
A região do entorno do BH Airport abriga mais de 300 hectares de vegetação nativa, distribuídos entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, compondo um ecossistema integrado a outras áreas preservadas. O cenário se destaca também pela diversidade geológica, paleontológica, arqueológica e hidrológica. O sistema cárstico local, caracterizado por rochas solúveis na geologia, apresenta uma paisagem desenhada por cavernas, dolinas e aquíferos subterrâneos, essenciais para a preservação da biodiversidade e para o abastecimento hídrico.
A região da APA Carste, onde o BH Airport está localizado, destaca ainda vestígios de megafauna extinta e povos pré-históricos, fundamentais para a compreensão da história natural e humana da região e do continente americano. O fóssil humano mais antigo das Américas, denominado "Luzia", foi descoberto dentro da área protegida, localizada a aproximadamente 3 km da pista do aeroporto. A revelação abriu caminhos para reavaliação sobre as teorias relacionadas à origem e à migração dos primeiros habitantes do continente.
*Diretor executivo da Assimptur, parceira do Hoje em Dia
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