
O Audi Quattro foi, sem dúvidas, o carro mais importante na história da marca das quatro argolas. Muito mais que deslanchar sua divisão esporte a motor, foi o carro que consolidou o sistema de tração integral. Foi mais ou menos o que o BMW 2002 e Porsche 930 fizeram com o turbocompressor.
A marca passou a desenvolver o sistema de tração ainda nos anos 1970. Ela queria um carro competitivo nas provas de rali. O então Audi 80, com tração dianteira (que era uma arquitetura muito eficaz nos carros de rua, mas inferior na pista), não era páreo para rivais como Lancia Stratos, Fiat 131 Abarth ou Ford Escort RS, que dobravam os “grampos” com mais facilidade, graças à tração traseira.
E ao invés de projetar um carro com tração traseira para, literalmente, correr atrás do rabo da indústria, a Audi fez diferente. Os engenheiros das quatro argolas decidiram desenvolver uma tração nas quatro rodas, mas sem caixa de transferência, como nos utilitários e picapes. Assim nascia o sistema quattro (em minúsculo mesmo) e seu primeiro modelo levaria o nome da tecnologia.
O Quattro se tornou o grande soberano nas provas de rali e obrigou que outros fabricantes buscassem soluções de tração semelhantes. Com a distribuição de força nas quatro rodas o Audi Quattro era mais rápido e estável nas adversas condições de piso, com lama, terra, cascalho e neve.
A primeira “safra” era equipada com o motor cinco cilindros 2.1, auxiliado por um turbocompressor de 1,6 bar de pressão. O motor entregava 310 cv, que eram mais que suficientes para os 1.200 quilos do cupê. Foi nesse carro que a francesa Michelle Mouton se tornou a primeira mulher a vencer em um rali.
Mas foi em 1983 que o Audi Quattro evoluiu para uma de suas edições mais famosas, a A2. Com peso reduzido em 100 kg, devido ao uso de alimínio no bloco, e a potência do motor ampliada para 400 cv, ele tinha relação peso potência abaixo dos 3 kg por cavalo-vapor. Tudo isso combinado com o sistema de tração quattro que colocava “trilhos” no lamaçal.
O Quattro Rally A2 conquistou os campeonatos de 1983, com o finlandês Hannu Mikkola, e em 1984 com o sueco Stig Blomqvist. Foi também no A2 que o alemão Walter Röhr, já bicampeão no WRC e vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1981, iniciou sua trajetória na Audi. O piloto levou o Audi Quattro S2 (versão mais potente do bólido) à vitória na corrida de montanha de Pikes Peak, de 1987. Mas isso é outra história.