
O Peugeot 208 fechou 2021 com mais de 15 mil unidades licenciadas. Um volume expressivo para um compacto que sofre com a volatilidade do dólar. Feito na planta de El Palomar, na região metropolitana de Buenos Aires, o hatch desembarcou por aqui no segundosemestrede2020, com as recomendações do bom desempenho no mercado europeu.
Por lá, o compacto vendeu quase 200 mil unidades, além de faturar o prêmio de Carro do Ano, no Velho Mundo. Tudo isso elevou
expectativas em torno dele. No entanto, o preço salgado diante dos concorrentes e a falta de um conjunto motor moderno abafaram o rugido do leão.
Mas uma vez, testamos a versão Griffe 1.6, que chega sem mudanças em relação ao carrode2020.Trata-sedeum automóvel sofisticado, que encanta pelo design irretocável, o acerto de suspensão firme e baixo, além do ótimo pacote de conteúdos, com direitos assistentes de condução, que são ficção em alguns de seus rivais.
O 208 Griffe é caro e figura num segmento impactado pela queda da renda e encarecimento dó crédito. Partindo de R$ 108mil, ele
não é o mais caro, mas assusta. E quem pode se dar ao luxo de empenhar essa quantia num automóvel certamente irá
migrar para um SUV. E quem não pode ir além de um compacto, apostará suas fichas em modelos mais baratos e de maior volume, já de olho numa necessidade de revenda.
Raio-X Peugeot 208 Griffe 1.6
O que é?
Hatch compacto, quatro portas e cinco lugares
Onde é feito?
Fabricada na unidade de El Palomar (Argentina)
Quanto custa?
R$ 95.990
Com quem concorre?
O 208 concorre com Chevrolet Onix, Fiat Argo, Ford Ka, Hyundai HB20, Renault Sandero e Volkswagen Polo
No dia a dia?
O 208 Griffe é um carro feito para cidade. Compacto, mas com bom espaço interno. Bem construído, boa montagem e ótimo acabamento. Material emborrachado no painel, bancos com direito a alcântara e tiras de couro, teclas cromadas no painel, multimídia flutuante (com Android Auto, Apple CarPlay, câmera 360 graus) e a cereja do bolo que é o quadro de instrumentos i-Cockpit.
Esse cluster (como gostam de falar os executivos de marketing) permite diferentes configurações. É bem legal a projeção 3D das informações, mas nada que amplifique a experiência ao volante. Legal mesmo são os avisos do alerta de colisão e o leitor de placa. Ele indica a velocidade da via. Mas não é qualquer placa que consegue decifrar. A versão ainda conta com ar-condicionado digital, vidros e retrovisores elétricos, teto solar panorâmico (fixo), partida sem chave, carregamento sem fio.
Um detalhe simples, mas bem legal, é o suporte para celular. Caso o motorista esteja sem cabo para conectar o aparelho, pode posicionar o telefone e navegar por ele, sem a necessidade de ventosa.
Motor e câmbio
A unidade 1.6 de 118 cv e 15,5 mkgf de torque é uma velha conhecida do consumidor brasileiro. Está no mercado há anos e equipa, C3, C4 Cactus, Aircross e o 2008. Esse motor oferece bom desempenho, mas é preciso esticar bastante. O pico de potência aparece perto dos 6 mil rpm, assim como a faixa máxima de torque só se mostra aos 4 mil giros. No uso citadino, ele atende bem, roda de forma silenciosa. Mas na estrada quando se exige dele, aí hurra como um leão faminto.
A unidade é conectada a uma caixa automática de seis marchas, que tem funcionamento suave. Mas as trocas são lentas. Numa retomada na estrada ela demora a responder. Dá para antecipar o comando com as trocas manuais, na alavanca, mas uma borboleta seria o ideal
Consumo
Abastecida com álcool, registrou consumo combinado (rodoviário e urbano) na casa dos 9,2 km/l.
Suspensão e freios
Um ponto crítico em qualquer Peugeot é a suspensão. Modelos como 206 e 207 sofreram com a suspensão frágil. O 208 utiliza o trivial McPherson, na dianteira, e eixo rígido, na traseira. Mas o que chama atenção é o acerto firme, que faz desse carro muito estável.
Seus freios utilizam discos ventilados, na frente, e tambores, atrás. Eles atendem bem às necessidades de frenagem e seguem o padrão da categoria.
Palavra final
O 208 Griffe é o ponto alto dessa nova geração. Um carro que se mostra superior aos concorrentes quando o assunto é assistentes de condução. Ele consegue agregar num único pacote, equipamentos que são oferecidos fracionados por alguns concorrentes. No entanto, peca pelo preço elevado, que pode ser creditado ao dólar, mas não é capaz de adoçar o coração do consumidor, que tem o preço como fiel da balança. R$ 96 mil é um valor que o consumidor tem um leque farto de opções e com modelos de segmento superior. Ser bonito não é o bastante.