
O segmento SUV existe há mais de 60 anos, numa época em que SUV nem era SUV, apenas utilitário. Mas esse tipo de automóvel ganhou mercado a partir dos anos 1990. Foi uma explosão que reverbera até os dias atuais.
E nesse “Big Bang” do SUV nasceu, em meados dos anos 1990, o Chevrolet Blazer. O modelo chegou derivado da picape S10. Era vendido nos Estados Unidos e em diversos outros mercados, como China, Austrália e Rússia. Em 2012, a GM brasileira apresentou a segunda geração, Trailblazer, que deu um banho de loja e transformou o antigo camburão num carro de alto luxo.
De lá para cá são 13 anos de mercado, sempre posicionado no topo da gama nacional. Hoje, o Trailblazer é vendido na versão High Country por nada menos que R$ 411 mil. É o único SUV da marca com motor turbodiesel, tração 4x4, caixa de redução e carroceria sobre chassi.
Um conceito “ultrapassado”, mas que não sai de moda. E vamos explicar os motivos. O Trailblazer é um SUV da velha guarda. Derivado da S10, esse grandalhão oferece muito espaço, suspensão robusta e uma mecânica absurda. Seu motor Duramax 2.8 turbodiesel entrega nada menos que 207 cv e 52 kgfm de torque. Detalhe, toda essa força está presente em apenas 1.600 rpm. Tudo isso combinado com a nova transmissão automática de oito marchas e sistema de tração 4x4 com seletor eletrônico.
Assim, esse gigante encara qualquer condição sem titubear. Rodamos mais de 1,6 mil quilômetros entre São Paulo e Minas Gerais. Serra, ladeiras, litoral, rodovias largas, estradas vicinais, caminhos de terra e trechos off-road.
Em rodovias como as BRs 116 e 381, o Trailblazer tinha força e fôlego suficientes para manter o ritmo sem exigir do motor, sempre rodando com rotações abaixo de 1.800 rpm. Ou seja, na faixa mais eficiente. O resultado foi uma média impressionante de 16,8 km/l.
Já na descida (e na subida) da Serra do Mar, o conjunto robusto evitou qualquer tipo de susto ou imprevisto. A rodovia paulista é conhecida por seus “grampos” e “cotovelos” que exigem atenção e habilidade do motorista.
Para descer, bastou segurar a caixa na segunda marcha, para não sobrecarregar os freios. Na subida, com pista molhada, o 4x4 alto e o controle de tração não deixaram comprometer a aderência dos largos pneus Goodyear Wrangler 265/60R18.
E nas trilhas e estradas de terra no interior mineiro, o Trailblazer ignorou totalmente a inexistência do asfalto. O curso elevado da suspensão evita pancadas, apesar de exigir moderação na entrada de curvas em alta velocidade (no asfalto, claro), pois a carroceria “rola” muito, e os amortecedores chegam aos batentes.
A bordo do Trailblazer
Embarcar no Trailblazer demanda uso obrigatório do estribo lateral. O SUV é muito elevado devido à sua configuração de chassi sobre carroceria e também pela altura natural da suspensão. Mas quando se está lá “em cima” tudo fica melhor.
A visibilidade é ótima, o espaço interno é amplo e leva cinco adultos com muito conforto. Lembrando que esse SUV comporta até sete ocupantes. Quem viaja lá no fundão vai apertadinho e sem mordomias como porta USB, mas conta com saídas de climatização posicionadas no teto.
Na atualização de 2024, o carro ganhou muita comodidade, além do motor mais forte e da nova caixa, novo painel, com quadro de instrumentos digital, multimídia em posição elevada, climatização eletrônica, carregamento por indução, além de assistentes de condução (frenagem emergencial, alertas de colisão, tráfego cruzado em ré e ponto cego, sem contar o monitor de permanência em faixa). O pacote ainda inclui bancos dianteiros com ajustes elétricos, revestimento em couro, internet 4G (com WiFi) e sistema de assistente remoto OnStar.
Tudo isso faz com que o Trailblazer siga impávido no mercado. Mesmo abalado pela chegada de modelos compactos, médios, elétricos e até mesmo medidas governamentais como o aumento do percentual de biodiesel no litro do diesel e escalada tributária com a vigência do IPI Verde (que eleva a alíquota para carros diesel), o grandalhão é um carro formidável. Afinal, esse fóssil vivo da indústria automobilística viu o segmento SUV se desenvolver, modelos chegarem e morrerem e ele continua firme e forte vendo tudo lá do topo do mercado.