A Toyota foi sagaz ao lançar seu SUV médio no Brasil, há cerca de cinco anos. Todo mundo esperava que ela apostaria em um modelo compacto, mas atacou diretamente na faixa prestígio do segmento, como o médio Corolla Cross.
E foi mais esperta ainda ao dar o nome de seu grande ícone ao utilitário-esportivo. O resultado: um dos SUVs mais vendidos no país, superando modelos compactos de valores mais baixos.
Mas o Corolla Cross não era isento de pecados. O principal deles era o inaceitável freio de estacionamento por pedal. Uma relíquia "medieval" do milênio passado e totalmente anacrônica para um SUV médio moderno e eletrificado. Afinal é o primeiro utilitário nacional híbrido pleno. A combinação não casava.
Ele também tinha outros probleminhas, como o quadro de instrumentos parcialmente digital de leitura confusa, um multimídia da época do vídeo cassete e o famigerado "marmitão", que é abafador de escapamento exposto ao melhor estilo anos 1980.
Na linha 2025 a Toyota deu um banho de loja no Corolla Cross. Trocou o cluster por uma unidade totalmente digital e configurável. Ficou fácil ler todas as informações de viagem.
Ela também atualizou o multimídia, que apesar de ter apenas comandos táteis (com exceção dos comandos para o motorista, no volante) ficou mais prático e funcional.
E o freio de estacionamento elétrico chegou com a companhia da função Auto Hold (que mantém as pinças pressionadas após uma parada e as soltam quando se pressiona o acelerador). Ou seja, tudo isso deu ao Corolla Cross o que seus rivais, como o Jeep Compass, já ofereciam há uma eternidade. Já o marmitão foi levemente ajustado. Está lá, mas menos aparente.
Assim, ele uniu novos conteúdos ao que tinha de melhor: o lastro da marca, a excelente dirigibilidade e seu conjunto eletrificado que o fazia muito eficiente.
Ao volante do Corolla Cross, as inovações tornaram a vida mais prática. O carro é ótimo, com excelente montagem, bom nível de acabamento e isolamento acústico competente que torna o uso cotidiano mais prazeroso.
Recursos como climatização digital de duas zonas, carregamento por indução, conexão sem fio para smartphones, assistentes de condução e banco do motorista com ajuste elétrico fazem desse SUV uma boa escolha. Tudo isso somado ao comportamento suave do conjunto híbrido e ótimo acerto de suspensão.
E para quem gosta de um ventinho na moleira, ele oferece teto solar. Não é um tetão panorâmico que arranca suspiros, mas não deixa de ser um teto solar.
Desempenho do Corolla Cross
O Corolla Cross, assim como o sedã Corolla, é equipado com motor 1.8 de 101 cv, combinado com unidade elétrica de 72 cv. Combinados, o powertrain entrega 122 cv. Isso mesmo, parece que a conta está errada, mas a Toyota é uma das poucas marcas honestas o suficiente para esclarecer que os dois motores nunca entregam o máximo de cavalaria simultaneamente.
Isso porque o motor elétrico é um auxiliar para reduzir o consumo da unidade térmica. Assim, quando o elétrico está trabalhando, o motor a combustão está operando em regime mínimo (ou totalmente desativado). Os dois atuam juntos em situações de demanda como retomadas e ultrapassagens.
Para se ter uma ideia do que isso significa, seu consumo urbano (com álcool) ficou na casa de 14,6 km/l. Se fosse puramente térmico, esse consumo despencaria para 7 km/l, na menor das hipóteses.
O grande senão é seu preço de R$ 220 mil. Para o segmento, é um valor competitivo, ainda mais que seus concorrentes chineses como Haval H6 e BYD Song se nacionalizaram em breve.
Além disso, o Compass (líder do segmento) também se eletrificará em 2026. Assim, o banho de loja era mais que necessário.