
Numa prova de redação, seja na escola ou vestibular, o texto deve ser passado a limpo. Ou seja, escreve-se um rascunho, em seguida corrige-se os erros, melhora-se a caligrafia e entrega-se a composição em sua perfeição. Na indústria do automóvel é preciso ser certeiro de primeira. Afinal, o rascunho é o protótipo, mas às vezes o produto final precisa ser passado a limpo.
E foi o que aconteceu com a Fiat Titano. A picape derivada da Peugeot Landrek (que já era um projeto aproveitado da Changan Hunter) foi lançada em 2024 numa manobra estranha, como se fosse para testar o mercado. A picape era montada na planta uruguaia da Nordex, com produção limitada a cerca de 10 mil carros anuais.
Como se não bastasse, tinha suspensão extremamente dura, motor fraco e uma série de problemas elétricos. Enfim, era um carro abaixo da média de suas rivais e inferior aos demais modelos Fiat e Stellantis. No entanto, se fazia valer pela ampla rede assistencial e agradava aqueles que precisam de um tanque de guerra para trafegar no “interiorzão brabo”.
Mas para ganhar mercado, a Titano precisava evoluir. A evolução chegou com a linha 2026. A picape teve a produção transferida para Córdoba, na Argentina. E lá recebeu um belo banho de loja com motor 2.2 turbodiesel de 200 cv e 45,9 kgfm de torque, transmissão de oito marchas (no lugar da antiga de seis), assim como ajustes de suspensão, equipamentos e eletrônica.
Até a direção evoluiu. O antigo sistema hidráulico foi trocado por conjunto elétrico, e o sistema de freios passa a contar com discos nas quatro rodas. A tração integral ganhou gerenciamento eletrônico inteligente, alternando automaticamente entre 4x2 e 4x4 conforme a demanda.
No quesito segurança, a Fiat incluiu na versão Ranch o pacote ADAS, com itens como frenagem automática de emergência, controle de cruzeiro adaptativo, alerta de ponto cego e assistência de permanência em faixa.
O interior, embora mantenha o desenho básico, recebeu melhorias funcionais como painel digital de 7 polegadas, central multimídia de 10 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, freio de estacionamento eletrônico e nova manopla de câmbio. Apesar dessas atualizações, o design externo pouco mudou: houve apenas ajustes pontuais no para-choque dianteiro e novas cores.
Claro que o banho de loja tem seu preço. A Titano parte de R$ 234 mil, na versão Endurance. E o cheque pode engordar para R$ 286 mil, na topo de linha Ranch. Mas fato é que a Titano foi literalmente passada a limpo, corrigindo deficiências técnicas. Agora, a picape é capaz de competir com rivais de peso, como Toyota Hilux, Ford Ranger e Chevrolet S10.