
A Ford confirmou que a nova Ranger híbrida plug-in será produzida na América do Sul a partir de 2027 e terá um diferencial exclusivo para o mercado brasileiro: um motor flex desenvolvido pela engenharia local. A informação foi divulgada pela própria fabricante, que não deu mais detalhes técnicos.
O projeto envolve diretamente o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, no interior de São Paulo, que recebeu duas novas estruturas: um centro avançado de diagnóstico de engenharia e o Ford Academy, dedicado à formação técnica. A marca afirma que o Brasil hoje é um dos seus nove centros globais de produto e que a engenharia local é responsável por cerca de um terço das funcionalidades aplicadas mundialmente.
A Ranger híbrida plug-in já é conhecida em outros mercados, onde utiliza um conjunto formado por motor 2.3 turbo a gasolina, motor elétrico e bateria de aproximadamente 11,8 kWh. Esse sistema entrega potência combinada próxima de 280 cv e torque acima de 70 kgfm. Para o Brasil, esses números ainda não foram confirmados, já que a versão nacional terá calibração específica para operação com etanol e gasolina, algo inédito entre picapes médias eletrificadas da região.
Entre as vantagens esperadas da tecnologia PHEV estão a condução urbana com uso predominante do motor elétrico, autonomia elétrica estimada entre 40 e 50 km e a possibilidade de rodar longas distâncias sem depender de infraestrutura de recarga, graças ao motor flex. A associação de torque elevado com a entrega instantânea do motor elétrico tende a favorecer uso com carga e em trechos off-road, características importantes no segmento.
A introdução da versão híbrida plug-in também traz impacto no comportamento do mercado de picapes. Até agora, modelos médios vendidos no Brasil seguem majoritariamente térmicos, e a Ranger deve ser a primeira da categoria com motorização híbrida plug-in e capacidade de operar com etanol. Essa combinação posiciona o produto como alternativa intermediária entre picapes tradicionais e futuras opções totalmente elétricas.
O desafio está na aceitação do público, que costuma priorizar robustez e simplicidade de manutenção. Outro ponto é o custo: tecnologias de eletrificação tendem a encarecer o produto final, exigindo justificativas claras de economia de combustível, desempenho e versatilidade.
Trata-se de um terreno virgem para o mercado, afinal, a BYD até que tentou explorar o segmento com a Shark, mas fracassou de forma bisonha, ao posicionar o modelo com valores muito elevados e o uso de um motor 1.5 que sofre quando a carga da bateria se esgota. O resultado foi um pífio emplacamento de 1.100 unidades desde seu lançamento, há um ano.
A Ford tem a seu favor a boa tradição no segmento. A produção em Pacheco (Argentina) também é um ponto positivo. É só não inventar de querer copiar a chinesa.