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Guiamos Chevrolet Cruze Sport6 RS, o último hatch médio do mercado

Marcelo Jabulas
@mjabulas
Publicado em 21/05/2022 às 10:29.
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

Hatches médios estão no mercado brasileiro desde os anos 1980, mas o tsunami chamado SUV tem varrido tudo do mapa. E esses modelos de dois volumes de apelo esportivo não foram poupados. Fabricantes como a Volkswagen não esconderam que ceifaram o Golf para abrir espaço para o T-Cross e outros médios foram ficando pelo caminho, como Focus, Bravo, 308.

O grande senão do hatch médio é que ele é caro e não oferece o status de “vencedor” de um SUV e nem mesmo o espaço interno de um sedã. Além disso, é visto como um carro de jovem abastado. E pelo que mostram os números de mercado e as estratégias de marketing das marcas, esse jovem e bem-sucedido quer um carro “robusto”, que permita mais contato com a natureza, mesmo que seja o sítio da família.

Hoje o herói da resistência é o Chevrolet Cruze Sport6 RS. A versão chegou no início deste ano e trouxe o emblema RS para imprimir um ar mais esportivo. Esse carro não muda nada em relação ao mesmo Cruze hatchback que testamos em janeiro de 2020. 

Mas não veja isso como demérito. Pelo contrário, o Cruze é um carro exemplar. O último GM oferecido no Brasil com o excelente motor 1.4 turbo de 153 cv. O aplique da tarja RS, assim como os elementos decorativos em tonalidade preta, como retrovisores, frisos e teto, não fazem dele um superesportivo. No entanto, a boa oferta de torque do motor garante a esse carro um comportamento bastante interessante, mesmo que faltem trocas manuais e uma irritante perda de fôlego quando o giro cai muito. 

O acabamento é sofisticado, com ótima montagem e um pacote de conteúdo honesto. No entanto, faltam assistentes de condução e menos importante, o quadro de instrumentos digital funciona como uma lâmpada acesa diante de mariposas. O consumidor fica hipnotizado com as luzes que emanam atrás do volante, ainda mais quando vai tirar R$ 153 mil do bolso.

Raio-x Chevrolet Cruze Sport6 RS 1.4

O que é?
Hatch médio, quatro portas e cinco lugares.

Onde é feito?
Fabricado na unidade da GM, em Rosário (Argentina).

Quanto custa?
R$ 152.280

Com quem concorre?
O Cruze Sport6 é o último hatch médio do mercado. Outras opções de mesmo porte se posicionam em segmentos superiores como Audi A3 Sportback.

No dia a dia
O Cruze Sport6 RS é um carro que oferece bom espaço interno, mas não faz questão de um porta-malas (290 litros), mas prima pelo estilo esportivo. O hatch tem visual arrojado, que mesmo com o peso da idade, ainda chama atenção pelas curvas e formas.

Como todo bom hatch médio, a posição é baixa e bastante confortável, mas o banco conta com ajustes elétricos, o que permite elevar a altura e não comprometer a visibilidade. É bem diferente do “banco de ônibus” de um SUV.

O Cruze oferece muito conteúdo, com direito a ar-condicionado digital (de uma zona), central multimídia (com conexão para smartphone, mas a cereja do bolo é a conexão 4G, que pode ser compartilhada com outros aparelhos via Wi-FI e também permitir download de aplicativos), acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, assistente remoto OnStar, detector de faixa de rodagem ativo (que mantém a direção dentro da faixa), alerta de colisão, roda aros 17, faróis de neblina e luz diurna em LED. 

O acabamento enche os olhos e humilha qualquer SUV compacto do mercado, inclusive o Tracker. O acabamento escuro reforça a ideia de esportividade. A montagem também é impecável.

Motor e transmissão
O motor 1.4 turbo de 153 cv e 24,9 mkgf está longe de ser o mais potente do mercado, mas é uma referência em desempenho. A unidade oferece força em qualquer regime e sua calibração sempre busca a forma mais eficiente de condução. No entanto, quando é exigido, basta pressionar o acelerador com mais força, que despeja o torque nas rodas dianteiras, garantindo agilidade nas ultrapassagens e boas retomadas.

A transmissão automática de seis marchas é uma velha conhecida na gama GM. Ela não oferece funções como trocas manuais, mas casa perfeitamente com o motor, o que garante trocas rápidas e baixa rotação quando não há demanda de torque. 

Como bebe?
Abastecido com gasolina, a unidade testada registrou média de 11,1 km/l no combinado entre trajeto urbano e rodoviário.

Suspensão e freios
Aqui, vale o mesmo que já foi dito há dois anos. Um dos poucos pecados do Cruze é a ausência de um conjunto de suspensão independente nas quatro rodas, o que o tornaria bem mais estável nas curvas. Mesmo assim o conjunto tem acerto voltado para o conforto e não para a performance, absorvendo bem as irregularidades do piso. Os freios contam com discos nas quatro rodas, assistente de partida em rampa “Hill Hold”, além do auxílio dos controles de tração e estabilidade (ESP). 

Palavra final
O Cruze Sport6 RS é o herói da resistência. Um sobrevivente de um mercado combalido pela falta de peças e demais insumos. Hoje a indústria privilegia o que tem maior apelo de mercado e rentabilidade. Nesse quesito os SUVs são imbatíveis, pois quem tem poder de compra pode se dar ao luxo de pagar qualquer valor pedido num jipinho compacto, que custa o mesmo ou mais que um hatch médio mais qualificado. 

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