TESTE

Guiamos o Fiat Argo Trekking 2026, mas será que ele ainda é bom negócio?

Fiat Argo Trekking é o resistente solitário de um nicho criado pela marca italiana no fim dos anos 1990

Marcelo Jabulas
Publicado em 07/06/2025 às 11:44.
 (Fotos: André Almeida/Divulgação)
(Fotos: André Almeida/Divulgação)

Os veículos aventureiros chegaram ao mercado nos anos 1990. Marcas como Subaru, Volvo e Audi resolveram converter as peruas em modelos de apelo fora de estrada. 

Os gringos já contavam com tração integral, motores com muito torque e só precisavam de ajustar a suspensão e adicionar proteções à carroceria. Modelos como A6 Allroad ou V70 XC eram alternativas contra SUVs como BMW X5 e Mercedes-Benz ML (atual GLE).

No Brasil, a Fiat não pensou duas vezes e transformou a perua Palio Weekend na Adventure. Ela copiou a mesma receita: elevou a suspensão, adicionou para-choques sem pintura, proteções aos para-lamas, quebra-mato e faróis auxiliares. 

A moda logo se espalhou e o ponto alto dessa tendência foi o lançamento do VW CrossFox, em 2005. Hoje, apenas o Argo Trekking sustenta o cajado dos aventureiros (ainda há o Mobi Trekking, que mantém o jeito invocadinho para concorrer com o Kwid).

Assim, a pergunta que fica é: vale a pena apostar no Argo Trekking em 2025? Afinal, desde o lançamento do Pulse (em 2021) o Argo Trekking perdeu sentido. Afinal, os dois são praticamente univitelinos, correto?

E se não bastasse a concorrência dentro de casa, o Argo aventureiro ainda sofre com rivais como Renault Kardian e o novíssimo Volkswagen Tera. Então, como fica?

A resposta é sim. Vale a pena apostar no Argo e vamos explicar. O Argo Trekking parte de R$ 106.900. Ele é mais caro que as versões de entrada de Pulse (R$ 99 mil) e Tera (R$ 104 mil).

No entanto, tem melhor conjunto mecânico, pois combina motor Firefly 1.3 de 107 cv com transmissão automática do tipo CVT, com emulação de sete marchas. O Pulse utiliza o mesmo motor, mas com caixa manual. 

Já o Tera recorre ao pacato motor 1.0 de 84 cv, também com transmissão por acionamento manual. Ou seja, o conjunto mecânico do Trekking é mais sofisticado e muito mais prático no dia a dia.

Mas Pulse e Tera também têm opções automáticas, pode estar se questionando nossa caríssima audiência. Sim, têm mesmo. Mas o Pulse 1.3 automático parte de R$ 112 mil. Ou seja, uma diferença de R$ 5 mil (que pode corresponder ao custo do emplacamento e licenciamento do possante novo) para dois carros tecnicamente idênticos.

Já o Tera com caixa automática não sai por menos de R$ 127 mil. Ou seja, um patamar inimaginável para quem não pode passar dos R$ 110 mil.

Mas onde o Argo Trekking leva a pior? Ele peca na segurança. Não que ele seja um carro perigoso. Pelo contrário, esse italiano atende ao que é exigido por lei: duplo airbag, freios ABS, controles de tração e estabilidade, assim como Isofix para cadeirinha infantil.

O problema é que, nesse caso, a Fiat “joga com o regulamento debaixo do braço”, pois não vai além do que preconiza a legislação. O Pulse, por sua vez, entrega quatro airbags e o Tera vem com seis e ainda tem frenagem emergencial autônoma desde a versão de entrada. São fatores que realmente devem ser colocados na ponta do lápis antes de bater o martelo. 

O Argo Trekking ao volante

O Argo Trekking é um carro que agrada aos olhos. É bonitinho, tem carinha de malvado e é excelente no trânsito urbano. A combinação do motor 1.3 com a caixa CVT faz dele um carro bem resolvido e ágil na cidade e bastante previsível na estrada, sem deixar o motorista na mão na hora do aperto.

O bom trabalho da transmissão permite que o conjunto compense os elevados picos de torque e potência, acima dos 6 mil rpm. A relação se ajusta de forma muito rápida quando há demanda, e rapidinho o italiano está colocando os bofes goela afora.

A comodidade do Argo Trekking era referência há seis anos, mas hoje não encanta mais. Apesar de contar com direção elétrica, computador de bordo, multimídia com conexão para smartphones, ele deixa a desejar em comodidades presentes em seus “novos rivais”. 

Partida sem chave e climatiza-ção eletrônica são opcionais. Além disso, faltam assistentes de condução, carregamento por indução e um multimídia mais vistoso. A telinha de sete polegadas dá para o gasto, mas a leitura do CarPlay e Android Auto é pouco confortável, principalmente depois que o motorista tenha ficado diante de monitores maiores.

Mas, no geral, o Argo Trekking é um carro honesto. Poderia custar um pouco menos, mas seu papel é bem claro: fazer sala para o Pulse.

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