DETROIT (EUA) – A eletrificação do automóvel é uma maratona com diferentes estratégias. Enquanto os primeiros modelos chegaram com desenhos pouco inspiradores, com uma pegada futurista, os carros elétricos atuais apostam em diferentes configurações. Alguns beiram a insanidade, como é o caso do GMC Hummer EV.
A GM escolheu o Hummer por questões de imagem. A marca fundada pela AM General foi responsável pelo veículo militar HUMVEE, que foi um dos “atores” na Guerra do Golfo e nas incursões contemporâneas dos Estados Unidos mundo afora.
Nos anos 2000, sob a batuta da GM, virou uma marca de luxo, com a versão civil do HUMVEE, o H1, modelos menores como H2 e H3. Em 2010, a marca saiu de cena. Mas voltou tão espalhafatosa, pesada e grande como no passado.
O Hummer EV chegou com uma clara mensagem que era dizer que a General Motors poderia sim fazer carros de luxo elétricos. E foi além, mostrou que era possível construir um off-road extravagante, capaz de rodar até 700 km com uma carga de bateria.
Claro que Hummer EV trouxe polêmica. A começar pelo peso de quatro toneladas. Apenas as “pilhas” correspondem a 2 mil quilos. Elas foram montadas sob o assoalho em um imenso berço que parece com colchão de molas (de casal).
Mas o tamanho da bateria tem sua justificativa. As células de 246 kWh são responsáveis por alimentar os dois (ou três) motores do jipão. Para o amigo ter uma ideia do que isso significa, um Renault Kwid E-Tech tem bateria de 26,8 kWh.
Esse monstro pode despejar de 625 a 1.014 cv de potência e um torque que pode chegar a 160 kgfm. São números absurdos que fazem desse grandalhão mais potente que um supercarro como o Bugatti Veyron (1.001 cv).
O Hummer EV pode ser vendido como SUV ou picape. Conferimos as duas carrocerias, que ainda contam com rodas traseiras direcionais. Isso mesmo, elas também esterçam como as da frente. Parece algo desnecessário, mas não é (vou explicar logo a frente).
Embarcamos na versão EV2X, com “apenas” dois motores e cerca de 630 cv. A primeira impressão que temos é sobre a altura do Hummer EV. O carro é imenso com nada menos que dois metros de altura.
Para embarcar é preciso fazer uso do estribo. Posicionado ao volante, a gente tem noção do tamanho do carro. Tudo fica baixinho lá embaixo.
A largura da cabine é tão grande que o braço não chega na porta do passageiro. O SUV tem um console central gigantesco. A parafernália é total: quadro de instrumentos digital, multimídia com sistema Google Built in (que dispensa conexão com celular), assistentes de condução e climatização digital de três zonas.
Como se trata de um carro elétrico, nada de ronco ou vibração. O carro é suave. Grandão, deslocar o Hummer EV demanda cuidado com o entorno, até mesmo nos EUA onde as vias são largas e os estacionamentos fartos para comportar o “padrão” dos carros norte-americanos.
Num trecho fechado foi possível pisar fundo no acelerador do gigante. O carro dá uma patada assustadora, que ignora seu peso de paquiderme.
Lembra das rodas traseiras direcionais? Pois é, na hora de manobrar ou dar um balão elas reduzem o raio da manobra, parece até um Chevette (o velho Chevrolet tinha um jogo de direção fantástico graças à posição longitudinal do motor, que permitia esterçar bastante a direção).
Em um rolezão por estradas e subúrbios nos arredores de Detroit, a experiência foi tranquila e suave, algo que à primeira vista é contraditório para um carro tão abrutalhado.