Ninguém duvida de que a indústria automotiva chinesa está engolindo marcas ocidentais tradicionais, assim como as japonesas. Mas as antigas fabricantes têm um ás na manga: história e tradição. O segredo é combinar tudo isso num modelo moderno. E foi o que a Mercedes-Benz fez.

A estrela das três pontas apresentou o Vision Iconic Concept, um cupê elétrico que mistura referências do passado com tecnologias avançadas. O modelo representa um manifesto de design e inovação, projetado para mostrar como o luxo artesanal pode coexistir com a mobilidade elétrica e a inteligência artificial.

O conceito traz proporções típicas dos grandes cupês da marca, com capô longo, cabine recuada e linhas inspiradas nos modelos dos anos 1930 e 1950. A dianteira é dominada por uma grade reinterpretada, emoldurada em cromo e vidro fumê, com iluminação embutida e a tradicional estrela iluminada no capô. As rodas de grande diâmetro e o acabamento preto brilhante reforçam a estética retrô-futurista.

Ou seja, ele combina elementos de diferentes gerações, como a clássica grade do radiador, com a silhueta que ficou eternizada no 300 SL, assim como proporções que remetem ao extravagante Maybach Exelero, de 2005.

No interior, a Mercedes resgata o estilo Art Déco. O ambiente combina veludo azul, marchetaria de palha e detalhes em latão polido. O painel flutuante une instrumentos analógicos e digitais, batizado de “Zeppelin”, e cria uma atmosfera de lounge, antecipando a ideia de condução autônoma em que o habitáculo se transforma em espaço de descanso.

O Vision Iconic é totalmente elétrico, embora a marca não tenha divulgado potência, autonomia ou dados de desempenho. Entre as inovações, o destaque é a pintura solar, capaz de captar energia e gerar até 12 mil quilômetros adicionais por ano de autonomia em condições ideais. 

Outro avanço é a computação neuromórfica, sistema que imita o funcionamento do cérebro humano para reduzir o consumo energético dos processadores em até 90%. O carro também está preparado para condução autônoma de Nível 4, com direção eletrônica e eixo traseiro esterçante.

Por enquanto, o modelo é apenas um exercício de design e tecnologia. A Mercedes não pretende produzi-lo, mas sim testar soluções que poderão equipar seus carros de luxo na próxima década. A previsão é que a pintura solar apareça em versões experimentais entre 2027 e 2030, enquanto a computação neuro-mórfica deve estrear em sistemas de condução automatizada até o fim desta década. Já a autonomia de Nível 4 pode se tornar viável em carros de produção a partir de 2030.