
MOGI GUAÇU (SP) - Na astronomia o processo de expansão de uma estrela se chama supernova. Nesse estágio sua massa pode ocupar dez vezes o seu tamanho antes de se tornar uma anã branca. Já a estrela de três pontas sabe que é preciso expandir para se manter no mercado. Daí uma das estratégias da Mercedes-Benz é ampliar o portfólio com assinatura AMG. E os novíssimos C 63 S AMG Coupé e C 43 4Matic Coupé fazem parte desse plano.
Os dois modelos chegam para ampliar a gama AMG no Brasil, que atualmente conta com 22 opções no mercado. A gama é divida em três frentes, AMG Line, AMG Performance e AMG Sports Cars.
A primeira se dedica a modelos equipados com acessórios estéticos desenvolvidos pela AMG, enquanto o AMG Performance são automóveis que passam pela preparação da casa, como motores, suspensão e módulos elétricos. O terceiro, o AMG Sports Cars é dedicado à fabricação completa de automóveis, como é o caso do Mercedes-AMG GT.
O C 43 e O C 63 fazem parte da coluna do meio. Partindo da versão mais “comportada”, o C 43 4Matic AMG Coupé desembarca no Brasil com preço sugerido de R$ 397.900. Equipado com a nova linha de motores V6 biturbo 3.0 de 367 cv e 52 mkgf de torque, a versão preenche a lacuna entre o C 250 Sport e o C 63.
O conjunto é completado pela transmissão de nove marchas 9G-Tronic, pela tração integral 4Matic, assim como o conjunto de suspensão AMG Ride Control, que permite ajustar a carga dos amortecedores e o sistema de controle dinâmico Dynamic Select, oferecendo cinco modos de condução que alteram os parâmetros da alimentação e trocas de marcha, assim como a carga da direção e suspensão.
A versão ainda oferece controle de estabilidade com três modos de atuação, para aqueles que querem abusar um pouco das possibilidades do cupê, mas com a garantia do anjo eletrônico nos bastidores. Tudo isso permite que o C 43 acelere de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos e 250 km/h de velocidade máxima, limitada eletronicamente.
Já o C 63 S AMG Coupé chega para ocupar o topo da cadeia alimentar da linha Classe C. Assim como a versão sedã, que já é vendida no país, o cupê trocou o V8 6.3 de 525 cv por uma unidade V8 biturbo 4.0 de 510 cv. Os 15 cv a menos de potência podem até levar a uma comparação pejorativa, no entanto, além de ser mais leve, o torque saltou de 63 mkgf para 70 mkgf, disponíveis a cerca de 1.700 rpm.
Ou seja, esse ser endiabrado pode acelerar de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos e atingir a máxima de 300 km/h. Números de desempenho que tentam justificar o preço de R$ 615.900.
Mas não é só com seu alto desempenho que o C 63 S AMG Coupé tentará convencer o diminuto grupo de consumidores desse tipo de automóvel. O modelo ainda conta com recursos com projeção de informações no para-brisas, assim como o sistema de áudio de alta fidelidade fornecido pela Burmester, e mimos como acabamento em fibra de carbono, inclusive nos para-choques e aerofólio.
A dupla é equipada com transmissão de nove marchas 9G-Tronic, pela tração integral 4Matic, assim como conjunto de suspensão AMG Ride Control, que permite ajustar a carga dos amortecedores
Para poder testar todos os recursos da dupla C 43 4Matic AMG e C 63 S AMG o único lugar possível seria um autódromo. Na pista foi possível levar os carros ao limite e ver como todo poder de fogo dos motores biturbo se comportam, assim como o aparato tecnológico se desdobra para fazer com que o motorista se sinta um piloto de corrida e possa se gabar no final de sua performance.
Para o teste, a Mercedes-Benz colocou na pista duas unidades de cupê e duas unidades sedã, na configuração 43. No entanto, para o C 63 S, a marca só colocou à disposição a versão sedã, pois só havia uma unidade para apresentação.
Na prática, o cupê e o sedã são praticamente iguais às alterações de performance entre as carrocerias duas portas e quatro portas só seriam percebidas num teste de alto desempenho e por pilotos profissionais, o que não é o caso deste que assina a reportagem.
Na pista, o C 43 se mostra um carro de comportamento bipolar. Com todos os sistemas ligados o cupê é dócil e corrige qualquer deslize do motorista. Claro que os modos de condução permitem explorar mais e mais os limites do modelo, que acelera forte, reforça a suspensão para que a carroceria não oscile e conta com freios que estancam rapidamente a fúria do V6 de 367 cv.
Destaque para a animação gráfica no monitor central, que exibe o ângulo de esterçamento das rodas, atuação dos amortecedores e força G lateral.
A bordo do C 63 S (sedã) a conversa muda. O V8 é brutal e despeja os 70 mkgf de torque numa rapidez absurda, e as luzinhas amarelas do controle de tração garantem que o motorista não rodopie como pião. Tudo é mais agressivo, o ronco seco e metálico do V8 invade a cabine e a cada saída de curva, com o pé em baixo, a traseira tende a se soltar, afinal cerca de 60% do torque é direcionado para as rodas traseiras enquanto as dianteiras se esforçam para mantê-lo na trajetória.
Ele te permite acelerar absurdamente até a marca de 100 metros da curva, depois, basta afundar o pé no pedal dos freios para que as gigantescas pinças se fechem e façam com que os 1.800 quilos do monstro se imobilizem. Simplesmente fascinante!