Quando analisamos a história da indústria do automóvel no Brasil, sempre nos lembramos do Dodge Charger R/T como uma espécie de bad boy com quatro rodas. Até hoje o Dojão intimida, com seu imenso V8 Hemi, a carroceria longa e ruído assustador.

No início dos anos 2000 foi a vez da Dodge Dakota R/T, o último modelo V8 fabricado no Brasil. A picape extraía mais de 200 cv de seu bloco 5.2, mas ficou em linha por apenas dois anos.

Agora surge a Ram Rampage R/T, mais uma vez trazendo essa sigla de duas consoantes. Mas o que diabos significa? Road/Track, ou estrada e pista, numa tradução literal. A sigla nasceu em 1967 como versão de alta performance do Dodge Coronet. Em 1968 surgiu o lendário Charger R/T, que transformou o monograma num sinal de respeito.

A Rampage R/T faz jus ao uso da sigla estampada na caçamba, na grade e nos bancos. A versão topo de linha da picape monobloco a marca do carneiro, é equipada com o mesmo motor Hurricane 4 2.0 turbo de 270 cv e 41 kgfm de torque, das demais versões (Laramie e Rebel). 

Mas o carro passou por um ajuste mais esportivo. Ele conta com suspensão mais firme e mais baixa. Os pneus 235/55 R19 têm perfil mais baixo e banda de rodagem para uso em asfalto.

E ainda tem a tecla R/T que acentua o comportamento esportivo, alterando o regime de trocas, alimentação e direção. O Ruído também é mais nervoso. Ou seja, um herdeiro nato do Charger. 

Por dentro, a versão difere pelo uso de camurça nos painéis, volante e recortes dos bancos. Mas o restante é igual. O pacote de itens de série inclui bancos revestidos em couro, com ajuste elétrico para o motorista, partida sem chave, quadro de instrumentos digital de 10,3 polegadas, central multimídia Uconnect de 12,3 polegadas (como conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay para até dois smartphones simultâneos) e climatização digital de duas zonas, com repetidor traseiro. 

O pacote adiciona carregador de celular sem fio, seis portas USB, retrovisores elétricos, assim como espero interno eletrocrômico, sensor de chuva e acendimento automático dos faróis. Ou seja, os mesmos conteúdos da Rebel, que o amigo já conferiu aqui no HD AUTO.

A picape ainda oferece controle de cruzeiro adaptativo (ACC), alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, detector de pedestres e ciclistas, monitores de ponto cego, tráfego traseiro em ré e permanência em faixa. Ou seja, um pacote farto para um carro oferecido por R$ 270 mil.

Ao volante

A Rampage R/T é um carro temperamental: o ruído do motor é acentuado e a suspensão muito mais firme. Seu lugar é o asfalto. Claro que a transmissão de nove marchas e a tração 4x4 habilitam seu uso no fora de estrada, mas ela pula demais. Sua praia é a estrada. 

Na rodovia a picape voa baixo, estável e veloz, bem diferente do comportamento padrão de uma caminhonete. É um carro com identidade própria, em que a caçamba é apenas um mero detalhe. 

E o consumo? Bom, ela só bebe gasolina, a média no combinado urbano e rodoviário não passa dos 8,1 km/l. Mas não se pode exigir bons modos de um Bad Boy. 

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