
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro já sabe o paradeiro de quatro pessoas que estão sendo investigadas no caso de estupro coletivo de uma adolescente no último fim de semana, em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. O caso causou indignação após ser divulgado nas redes sociais e ganhou páginas e sites de publicações pelo mundo. Eventuais pedidos de prisão, no entanto, ainda não foram feitos à Justiça, porque, segundo os delegados, as investigações estão em fase inicial e não há elementos que justifiquem a medida.
Os crimes que estão sendo investigados são o estupro de vulnerável, já que a vítima é menor de idade, e a divulgação na internet de material pornográfico envolvendo menores.
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O caso veio à tona depois que imagens do crime foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais. Nas imagens, a adolescente aparece nua, desacordada e machucada. O vídeo também exibe um homem que admite: “Uns 30 caras passaram por ela”. A presidente da Comissão OAB Mulher da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Daniela Gusmão, classificou o crime como um ato de barbárie.
“A OAB entende que a nossa sociedade está vivendo um momento de grande retrocesso nas questões de gênero. Esse crime, entre tantos outros, mas especialmente esse, em que 30 homens colocam a mulher em uma posição absolutamente degradante, deve ser considerado mais que um estupro, é um crime de ódio contra a mulher. É um ato de barbárie”, sentenciou Daniela.
Em depoimento à polícia, a jovem de 16 anos contou que foi dopada e estuprada por 33 homens no morro São José Operário, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Ela disse ainda que os agressores estavam armados com fuzis e pistolas.
Para a cientista política Priscila Brito, do movimento Articulação de Mulheres Brasileiras, é preciso aprofundar o debate para que a população possa combater o machismo que está por trás de crimes como esse.
“Quando esses casos vêm à tona, são muito emblemáticos do que a gente chama de cultura do estupro. São a exacerbação do que está colocado como normal na sociedade. É chocante, inclusive, para quem está fora do movimento feminista e acha um absurdo, mas as coisas que levam a ele são coisas que em geral são naturalizadas”, disse Priscila.
Revolta mobilizou ativistas e provocou reações do governo e até dos hackers Anonymous
O presidente interino, Michel Temer, divulgou nota de repúdio ao estupro em que diz que irá criar um departamento na Polícia Federal para investigar crimes contra a mulher.
Semelhante à Delegacia da Mulher da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o departamento irá agrupar informações estaduais e coordenar ações em todo país.
Até o grupo de hackers Anonymous Brasil divulgou uma nota em que afirmou estar à procura dos envolvidos no estupro coletivo da jovem.
“Anonymous é uma ideia de liberdade, Anonymous é um coletivo que luta por liberdade. Qualquer pessoa que se coloque contra nosso ideal é considerada nosso inimigo”, diz a nota, que ainda afirma que qualquer um que apoie, divulgue, seja conivente, assista, compartilhe, ou simplesmente que não aceite o fato de que o único culpado pelo estupro é o próprio estuprador, será visto por Anonymous também como inimigo.
Ativistas
Manifestações de apoio à adolescente e de repúdio à violência contra as mulheres estão sendo marcadas para dar visibilidade ao assunto. Na próxima quarta-feira (1/6), manifestantes devem ir às ruas no Rio, em Belo Horizonte e São Paulo, às 16h.
(*) Com Agências