O fenômeno do 'novo ao vivo': lives reinventam o contato entre artistas e público

Paulo Henriique Silva
phsilva@hojeemdia.com.br
17/04/2020 às 19:40.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:18
 (Divulgação/ Wesley Safadão, Henrique e Juliano e Roberto Carlos)

(Divulgação/ Wesley Safadão, Henrique e Juliano e Roberto Carlos)

A crescente participação de artistas nas redes sociais tem dois vieses. Um é econômico, com cantores de sucesso ganhando até R$ 450 mil por live para anunciar o nome de uma marca. O outro tem a ver com aquela máxima: “quem não é visto, não é lembrado”.

“Ninguém pode ficar sumido por seis meses, que é o tempo que se estima para que os shows voltem a acontecer. As lives são uma forma de os artistas se manterem vivos”, registra Karine Karam, professora de pesquisa do consumidor da ESPM Rio. Confira algumas das lives agendas para este fim de semana.

Ela observa que os artistas se transformaram, por si só, numa mídia, aproveitando este momento em que as redes sociais estão sendo mais acessadas devido ao período de quarentena. Mas ressalta que se trata uma competição desleal, por privilegiar apenas os grandes nomes.

“Ao mesmo tempo, porém, este momento também é interessante para se descobrir o novo, fazer algo novo que possa viralizar”, analisa Karine, para quem o coronavírus serviu para mudar, de forma definitiva, todas as relações, de trabalho até artísticas.

“Abriu-se um portal que não será fechado”, assinala, afirmando que um cantor se apresentar na sacada de seu apartamento não será visto como algo improvisado, tornando-se uma possibilidade econômica interessante.

“Independentemente das lives, vamos encontrar novas formas de deslocarmos. Antes, havia uma dificuldade de as empresas aceitarem o home office. Hoje é tudo que elas querem. Quantas vezes tive que fazer a ponte aérea (Rio-São Paulo) para participar de uma reunião de uma hora. Agora, após uma conversa por Skype, eles lhe agradecem pela presença online”, registra.

Karine não tem dúvidas de que estamos passando por um processo de redefinição social. “Nossa dimensão social foi afetada, trazendo novos significados e formas de se socializar. Não sei seserá igual. Será diferente”, destaca.

Independente

Prestes a lançar o seu primeiro disco, o cantor independente Lucca Páris teve que adiar os seus planos devido ao vírus. Mas ele percebeu a necessidade das pessoas que estavam em casas e mudou o estilo de algumas músicas, como mostra o single recém-lançado “Só de Olhar”, já está disponível no Spotify e no YouTube.

“Meu trabalho já tinha essa coisa de sinestesia, de trazer um som ambiente, como chuva, selva e mar. Então acentuei isso nas músicas. As pessoas receberam super bem, já que elas, em confinamento, sentem falta deste som externo, mais natural”, salienta.

O artista mineiro, de 26 anos, também dobrou o número de lives, para ampliar o contato com o público, com apresentações às quartas e sextas, às 21h. No Instagram, ele tem 1.200 seguidores. Mas é no YouTube que está seu público. Em uma semana, “Só de Olhar” já teve 16 mil views.

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