CPI dos fura-fila prejudica andamento de projetos de Zema

André Santos
avieira@hojeemdia.com.br
20/03/2021 às 14:03.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:28

A instauração da CPI dos fura-fila na Assembleia chega no momento em que o governador Romeu Zema (Novo) buscava empreender uma agenda de projetos vistos como essenciais por integrantes do Executivo no caminho rumo a uma eventual reeleição, em 2022. Um deles diz respeito à Reforma Administrativa do Estado – bandeira defendida por Zema desde a corrida ao governo em 2018. 

E é justamente essa medida que, segundo o líder da oposição na Casa, André Quintão (PT), faz com que o governador não consiga obter maior apoio entre os parlamentares. Para Quintão, a grave crise econômica e social provocadas pela pandemia da Covid-19 exige que Zema levasse aos deputados outros tipos de medidas. 

“O que afasta a maioria dos deputados de um entendimento maior com o governo não são questões ideológicas, mas sim de agenda. Não estamos em momento de falar em privatizações, reformas. Temos que garantir é vacina e dinheiro para os mais necessitados”, sustenta Quintão. 

A CPI da Saúde também pode travar a tramitação de outras duas iniciativas de interesse prioritário do governador. O pacote de medidas que visa a pedir a autorização do Legislativo para usar os R$ 37 bilhões provenientes do acordo de indenização com a Vale, em relação a Brumadinho, e o Projeto de Lei que cria mecanismos de auxílio emergencial para pessoas de baixa renda e benefícios fiscais para setores econômicos, anunciado nesta semana.

Embora perceba que, no momento, as atenções da ALMG estejam voltadas para os trabalhos da CPI, o esforço do governo será para que os desdobramentos da investigação não atrapalhem a tramitação dessas propostas. “Sabemos que a Assembleia está cumprindo o seu papel de fiscalização, mas é necessário que tenhamos a consciência de que o Estado também está apurando as supostas irregularidades. Temos que ter maturidade para separar os trabalhos e continuar apreciando e votando o que é importante para Minas”, afirma o líder do governo, deputado Raul Belém. 

Para o cientista político Adriano Cerqueira, as tensões políticas causadas por desdobramentos da crise da Covid-19 tornam a politização de temas algo natural, principalmente nas relações entre Executivo e Legislativo. “Não há como negar que os políticos estão à beira de um ataque de nervos e que tudo se torna motivo para debate e tensão. O que vamos ver agora, com a aproximação de 2022, é esse clima se acirrar ainda mais e as discussões passarem a ser norteadas ainda mais pelo viés político, e não pelo interesse público”, explica.

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