De forma anônima, diários de Charles Darwin desaparecidos há 20 anos são devolvidos à biblioteca da Universidade de Cambridge (Stuart Roberts / Cambridge University Library / Divulgação)
Tal qual um elaborado enredo de Hollywood, dois diários do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), avaliados em milhões de reais, que estavam desaparecidos há 20 anos da biblioteca da Universidade de Cambridge, em Londres, no Reino Unido, foram devolvidos de forma misteriosa.
Como mostra o jornal britânico The Guardian, o desaparecimento dos exemplares provocou um apelo mundial que contou até com a ajuda da Interpol. Agora, em uma reviravolta inusitada, os diários – um dos quais contém rascunho de 1837 do conceito de árvore da vida de Darwin – foram devolvidos anonimamente em uma sacola de presente rosa, com uma nota datilografada em um envelope desejando feliz Páscoa ao bibliotecário.
A bolsa foi deixada no chão de uma área pública do quarto andar da biblioteca, fora do escritório do bibliotecário, em 9 de março, em uma área não coberta pelo circuito interno de TV. Quem os deixou e onde eles estavam permanece um mistério.
Diários de Charles Darwin que estavam sumidos são avaliados em milhões de reais (Stuart Roberts / Cambridge University Library / Divulgação)
A diretora de serviços da biblioteca de Cambridge, Jessica Gardner, que denunciou o roubo dos diários à polícia, descreveu ao The Guardian o que sentiu ao reaver o material histórico: “Meu sentimento de alívio pelo retorno seguro dos cadernos é profundo e quase impossível de expressar de forma adequada. Eu, junto com tantos outros, em todo o mundo, fiquei com o coração partido ao saber do sumiço. Os cadernos podem, agora, retomar ao lugar de direito, ao lado do restante do arquivo Darwin em Cambridge, no coração do patrimônio cultural e científico da nação, ao lado dos arquivos de Sir Isaac Newton e do professor Stephen Hawking”.
Foi em 2001 que Gardner percebeu a ausência dos diários, que apresentam alguns dos primeiros indícios da teoria radical da evolução pela seleção natural de Charles Darwin. Eles haviam sido retirados do depósito no ano anterior, para serem fotografados. Mas durante uma verificação de rotina, a funcionária descobriu que eles não foram devolvidos ao devido lugar. Na época, a equipe acreditava que eles poderiam ter sido mal arquivados.
De acordo com o The Guardian, na época, a equipe da biblioteca realizou uma busca minuciosa nas principais áreas do acervo, que abriga cerca de 10 milhões de livros, mapas, manuscritos e outros itens. Mas nada foi em vão.
Embora não existam câmeras de segurança na área em que os manuscritos foram devolvidos, Jessica Gardner disse ao jornal britânico que as entradas e saídas do prédio são cobertas e as imagens foram entregues à polícia. “É realmente um mistério. Não sabemos como e não sabemos quem”, concluiu a diretora.
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