Freio na construção civil

BH e Nova Lima atingem menor estoque de apartamentos novos à venda desde 2016

Jader Xavier
jsbarbosa@hojeemdia.com.br
Publicado em 25/05/2022 às 06:30.
O número de novas unidades habitacionais levantadas em BH e Nova Lima não tem conseguido acompanhar o volume de vendas (Maurício Vieira)

O número de novas unidades habitacionais levantadas em BH e Nova Lima não tem conseguido acompanhar o volume de vendas (Maurício Vieira)

O primeiro trimestre de 2022 fechou com queda de 43,33% no volume de novas unidades habitacionais lançadas em Belo Horizonte e Nova Lima na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre janeiro e março de 2021 surgiram 1.740 novas unidades, enquanto nos primeiros três meses do ano atual foram somente 986. Os dados foram divulgados pelo Sinduscon-MG (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais) nessa terça-feira (24).

A baixa histórica nos lançamentos é reflexo, segundo o Sinduscon-MG, de uma combinação entre a elevação no valor de insumos para obras, a forte elevação dos juros e até mesmo o contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia, que provoca encarecimento e escassez de matérias-primas. Em dois anos, o preço de insumos, por exemplo, aumentou 65,95%. Somente em abril de 2022, o aumento foi de 22%. Quando comparado com o mesmo mês do ano passado, também houve elevação no custo da mão de obra de 11,7%

Apesar do número de lançamentos ter caído 24,49%, passando de 1.045 para 986, a média da Velocidade de Vendas (número de unidades vendidas a cada 100 ofertadas) nesse trimestre é quase a mesma do ano passado: 12,3% e 12,2%, respectivamente. Em relação aos últimos 12 meses finalizados em março, as vendas totalizaram 5.072 unidades, maior que o número de lançamentos, que foi de 4.125 apartamentos.

Isso está refletindo na quantidade do estoque. O mês de março fechou com 2.469 unidades ofertadas em BH e Nova Lima. É o menor número desde 2016. “A cada mês está caindo o número de estoques novos. O mercado não tem conseguido lançar apartamentos na mesma velocidade das vendas”, disse o presidente do Sinduscon-MG, Renato Michel. 

Conforme o sindicato, Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS), que são cidades com porte parecido com Belo Horizonte, têm cerca de 8 mil estoques. “Isso preocupa o setor”, resume o dirigente. “Não devemos ficar nos próximos seis meses sem novos lançamentos. Isso é mais um alerta de atenção ao poder público”, completou.

Projetos adiados

Segundo o Sinduscon, o cenário provoca nas empresas uma maior dificuldade de ofertar novos projetos. A construtora AP Ponto, por exemplo, vem encontrando dificuldades para realizar novos lançamentos, como conta a coordenadora comercial da empresa, Marina Godinho. 

“A margem bruta e líquida, para ver se vale a pena ou não fazer o lançamento, está muito baixa. E não dá para aumentar tanto o preço de venda porque o poder de compra do cliente também está baixo. Isso está acontecendo não só com os lançamentos, mas também com as obras em andamento. Porque a gente já iniciou a construção e o material vai aumentando. O que a gente faz? Tem que finalizar a obra”, disse.

Censo por região

O Censo do Mercado Mobiliário apresentado pelo Sinduscon-MG realizou um levantamento regional em Belo Horizonte.

No quesito vendas, a Região Centro-Sul se destacou nos primeiros três meses de 2022 com 280 residências comercializadas, correspondente a 26,8% do total da cidade (1.045). 

A Região Norte de BH foi a segunda que mais comercializou novos apartamentos, com 188 unidades, seguida por Oeste (175) e Pampulha (105).

A única regional que não registrou novas vendas entre janeiro e março foi a Noroeste. Porém, na região ainda há 62 novos apartamentos disponíveis para aquisições.

Já em lançamentos, Venda Nova foi o local com mais registros no primeiro trimestre de 2022. Foram 251 no total. Até o fim de março, havia ofertas de 224 novos imóveis. Logo atrás está o Barreiro, que lançou 335 unidades, fechando o mês com 224 no total, seguido pela Região Norte, com 176.

Ainda de acordo com o Censo, a região que mais tem mais ofertas é a Centro-Sul, com 708 imóveis residenciais. Em segundo lugar está a Região Oeste de BH, com 478 apartamentos disponíveis, seguido por Venda Nova, com 335. Nordeste é a regional com menor oferta: são 49 unidades. 

Se observado somente o mês de março, a Centro-Sul ainda é a líder do ranking de vendas, com 175 (42,7%), seguida pelas 72 comercializações do Barreiro. No ranking de lançamentos, as regiões trocam de posições: Barreiro teve no mês 216 lançamentos e a Centro-Sul, 42.

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