Tecnologia

Chegada do 5G vai turbinar mercado de segurança contra hackers

Leíse Costa
leise.costa@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/03/2022 às 06:30.
BLINDAGEM – Kamila Souza, da corretora Finlândia, estima aumento de 30% nos contratos de cyber seguros este ano em relação a 2021 (Magno Gonçalves Santos - Divulgação Finlândia)

BLINDAGEM – Kamila Souza, da corretora Finlândia, estima aumento de 30% nos contratos de cyber seguros este ano em relação a 2021 (Magno Gonçalves Santos - Divulgação Finlândia)

No mercado de segurança cibernética há um consenso de que a pergunta não é “se” a empresa vai sofrer ataque de hackers, mas “quando” isso acontecerá. Com a implementação da tecnologia 5G no país, prevista para começar ainda este ano, o aumento da velocidade da internet acende de vez o alerta a ataques cibernéticos, que visam sobretudo sequestrar dados de empresas e instituições públicas ou privadas.

No mês passado, um dos maiores marketplaces do país, a Americanas, que abarca também Submarino e Shoptime, deixou de vender online por mais de 72 horas devido a ataques hackers sucessivos ao seu servidor. A empresa não divulgou o valor do prejuízo devido à falta de operação, mas a estimativa da consultoria Economatica é que a gigante varejista tenha perdido R$ 3,48 bilhões só em valor de mercado.

Com a chegada da tecnologia 5G, novos cuidados terão de ser tomados, como adição de camadas de segurança e agilidade nas defesas. É que as taxas de transmissão de internet podem ficar até 20 vezes mais rápidas que o 4G atual.

Para Adriano Filadoro, especialista em tecnologia da informação, todo esse avanço tem ganhos e perdas. “É só pensarmos que, quanto mais velocidade, mais serviços online serão pensados e estarão disponíveis. Obviamente, as novas tecnologias também facilitam a vida dos cibercriminosos. Com isso, o investimento em segurança vai ser crescente”, afirma. 

Os avanços tecnológicos tendem a turbinar o mercado de segurança cibernética, tanto que a projeção de faturamento global é de US$ 346 bilhões até 2027, o que equivale a uma taxa de crescimento de 13,40% por ano. No Brasil, de acordo com pesquisa PwC Digital, 83% das organizações brasileiras preveem um aumento nos gastos com cibersegurança em 2022. No mundo, este percentual é de 69%.

Segundo Adriano, um dos fatores que explicam a escalada dos ataques é que deter um banco de dados pessoais e comportamentais sobre consumidores são considerados os ativos mais valiosos da atualidade e do futuro. “É a partir da mineração desses dados que elas tiram ideia para criar novos produtos, além da necessidade de atender aos requisitos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD)”, afirma.

Site da PBH

Também vítima de um ataque hacker em julho do ano passado, quando teve o site oficial desconfigurado por cerca de 12 horas, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, em nota, que, além de investimentos em ferramentas de segurança, também dará este ano treinamento de segurança cibernética aos servidores.

“Está em andamento a aquisição de novas ferramentas, juntamente com o aumento de camadas e protocolos de segurança. Isso significa aumentar o tempo de resposta, em caso de ataques e rápida ação capaz de evitar vulnerabilidades do sistema”, afirmou a PBH.

A PBH diz que aumentou os investimentos em segurança cibernética em quase 34% em 2021, passando de R$ 1,5 milhão em anos anteriores para mais de R$ 2 milhões no ano passado, montante que deve ser mantido esse ano.

Cyber Seguro

Com a insegurança online ganhando terreno, um dos mercados em aquecimento mesmo antes da chegada da tecnologia de dados 5G é o de seguros cyber, que protege empresas de perdas financeiras geradas por ataques hackers.

Com sede em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, a corretora de seguros Finlândia, por exemplo, registrou aumento de 80% na modalidade no ano passado. “E a tendência é que continue crescendo. Para 2022, nossa expectativa é de um aumento de 30% no volume de contratos cyber em relação a 2021”, detalha Kamila Souza, superintendente da Área Técnica e Novos Negócios da corretora Finlândia. 

De acordo com Kamila Souza, o seguro de riscos cibernéticos oferece cobertura para custo de defesa e investigação, extorsão e ou pagamento de resgate de dados sequestrados por hackers e até mesmo cobertura para o lucro líquido que teria sido obtido com a plataforma online, além das despesas operacionais decorrentes de uma interrupção ou suspensão dos negócios.

O valor de um seguro cyber, conforme Kamila, depende de fatores como análise do risco, atividade, faturamento da empresa e importância segurada pretendida.

“Podemos ter, como exemplo, uma apólice considerando uma atividade voltada à tecnologia da informação e prêmio segurado de R$ 10 milhões que custa, em média, R$ 66 mil por ano”, estima.

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