Clientela com medo do metanol obriga mudanças nos bares e restaurantes de BH
Com receio de destilados, clientes migram para cervejas e vinhos, e bares respondem com promoções para garantir o movimento
O temor provocado pelo metanol, com pessoas internadas e até mortes após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, impôs uma nova e desafiadora realidade aos bares e restaurantes do país. Em Belo Horizonte - onde um registro suspeito de contaminação foi descartado inicialmente -, estabelecimentos buscam se adaptar para garantir a saúde financeira dos negócios.
Empresários já têm notado que muitos clientes começaram a evitar drinques e coquetéis clássicos, como a caipirinha e o gim-tônica, para dar preferência a outras bebidas e, assim, não cancelar o happy hour na capital dos botecos. Em resposta, os donos dos estabelecimentos ajustam os seus cardápios e lançam promoções focadas em cervejas, chopes e até vinhos importados.
Antes mesmo do primeiro caso de provável suspeita de intoxicação por metanol em BH, a rotina dos bares e restaurantes já havia mudado: a Fecomércio chegou a estimar queda de 60% nas vendas de bebidas destiladas. Na tentativa de driblar esse cenário, a rede de bares Porks lançou uma promoção de chope em dobro, durante a primeira hora de funcionamento, até 12 de outubro. A campanha ocorre em quatro das cinco unidades da franquia.
"O cliente escolhe um chope e ganha outro igual, sem custo adicional", reforça o gestor da rede, Diogo Manfredini, que fez questão de destacar em um comunicado o compromisso em trabalhar apenas com fornecedores certificados. Para os que ainda preferem um coquetel, a casa sugere alternativas como as caipirinhas de saquê e drinques sem álcool.
A Casa Azeite, um dos mais badalados restaurantes da zona Leste da capital mineira, tem mantido rigoroso sistema de compras junto a produtores e revendedores autorizados. “A gente percebeu que o consumo de não alcoólicos aumentou, enquanto o consumo de cervejas e vinhos aumentaram expressivamente. Mas, por outro lado, os destilados estão saindo menos. Então, preparei um menu especial de drinques sem álcool”, conta a proprietária Iolanda Silva.
Segundo a empresária, na prática, o negócio não sentiu queda no consumo de destilados. “Temos tido um ótimo movimento do restaurante com o tíquete médio mantido também, até porque as pessoas estão bebendo mais vinho e mais cerveja. Acabou meio que equilibrando”, avalia.
Em alguns estabelecimentos, "a vida continua igual"
Outro endereço muito procurado para happy hour em Belo Horizonte é o Bar do Museu Clube da Esquina, no bairro de Santa Tereza. Por lá, o estabelecimento também garante manter a seleção de bebidas sob rigoroso protocolo. “Esse caso dos destilados, para mim, não provocou mudanças, de imediato, nem da nossa parte, nem por parte dos clientes", disse a gestora Virgínia Câmara.
Segundo ela, um ou outro cliente evita pedir um destilado, então entram promoções semanais para cativar o público.
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