Baque nos fretes

Disparada do diesel pressiona custos do carreto e afugenta clientela em BH

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
17/05/2022 às 06:30.
Atualizado em 17/05/2022 às 07:15
Célio Angelo, com 25 anos de praça como transportador, diz que nunca enfrentou uma situação tão ruim como a atual (Maurício Vieira)

Célio Angelo, com 25 anos de praça como transportador, diz que nunca enfrentou uma situação tão ruim como a atual (Maurício Vieira)

As disparadas sucessivas no preço do diesel caíram como uma bomba sobre o setor de carretos e fretes urbanos, pressionando os preços e diminuindo as margens de lucros dos prestadores do serviço. Este ano o diesel,  combustível utilizado em vans e caminhões, já subiu 28,8% – começou o ano de 2022 custando R$ 5,27 e terminou a primeira quinzena de maio com preço médio de R$ 6,79 em Belo Horizonte, podendo ser encontrado a R$ 7,70 em alguns postos de Minas Gerais.

Com a pressão dos custos, os serviços sobem e tornam a clientela cada vez mais rara. Há 25 anos, Célio Ângelo mantém seu caminhão na praça da Igreja São José, no bairro Calafate, em Belo Horizonte, e diz que nunca enfrentou uma situação tão ruim. “Antes eu tinha que esconder meu caminhão no domingo para conseguir uma folga durante a semana; agora, eu tô pedindo serviço até de madrugada”, conta.

Ele se orgulha de ter conseguido criar família com o serviço no caminhão, mas lamenta que agora os clientes sumiram. Segundo ele, antes fazia entre 4 e 5 serviços por dia; hoje passa quase uma semana sem aparecer um cliente. O motorista ainda lamenta a ausência de viagens intermunicipais. “Hoje a gente faz só transporte na cidade mesmo, pois não compensa pegar viagem longa, que precisa pagar ajudante, alimentação e hospedagem. Tudo está caro. Numa viagem longa a gente ficava com 70% do valor, hoje não consegue chegar a 30%”, afirmou. “A gente vê muito setor recuperando o movimento, mas, para nós que trabalhamos com carreto, a coisa ainda não voltou a andar não. Tá tudo muito parado e cada vez mais difícil trabalhar”, lamentou.

Outro que lamenta a situação é Ely Gomes, que mantém seu caminhão em uma praça na região do Barreiro e se orgulha dos quase 30 anos de profissão. Todos os dias ele chega ao ponto por volta das 8h da manhã e sai de noite, mas nem sempre consegue viagem. “Os clientes reclamam que está caro, mas não tem como a gente absorver todos os aumentos. Alguma coisa acaba chegando ao preço e isso afasta a clientela”, afirmou.

Segundo Ely, ele é a favor de uma eventual paralisação dos prestadores de serviço que utilizam o diesel. “Nós que trabalhamos com carreto em cidade não conseguimos mudar a situação. Mas os caminhoneiros já deviam ter parado”, afirma.

Na última semana (9), o governo anunciou mais um aumento no diesel, de 8,87% para as distribuidoras. O novo aumento levou o Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Minas Gerais (Sinditanque), após assembleia, dar prazo de 30 dias para que o governo apresente uma proposta de redução do combustível sob pena de paralisação.

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