APOSTA A LONGO PRAZO

Especialistas apontam prós e contras da compra de ações da Eletrobras com o FGTS

Jader Xavier
jsoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 08/06/2022 às 06:00.
 (Eletrobras/Divulgação)

(Eletrobras/Divulgação)

Termina ao meio-dia desta quarta-feira (8) o prazo para o trabalhador utilizar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da Eletrobras. A ação, iniciada pelo Governo federal no último dia 3, faz parte do processo de privatização da estatal do setor elétrico e agitou o mercado de investimentos nos últimos dias. Entre especialistas, há quem aponte incertezas e quem apoie esse tipo de destinação para o capital. 

Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin) e PhD em Economia, Reinaldo Domingos diz que a aplicação, nas condições fixadas, não traz segurança ao investidor. 

“O FGTS é um dinheiro certo e conservador para os trabalhadores. Ninguém vai mexer nele. Trata-se de uma garantia para diversas ocasiões, como aposentadoria ou ainda um recurso em caso de demissão. Se invisto esse dinheiro e sou demitido, vou ficar sem receber esse valor da liquidez por 12 meses. E tem mais: quando esse valor for objeto de resgate, tem que prestar atenção se não vai representar uma perda, por causa da inflação de momento”, alerta.

O presidente da Abefin ainda coloca em dúvida as “boas” intenções da iniciativa. Para ele, se fosse esse o objetivo, o período de retenção do valor investido deveria, por exemplo, estar em alguma modalidade que rendesse de acordo com a taxa Selic. “Por que ele (o governo) não optou por usar algo mais garantido de retorno? Deram um tiro curto, entre o anúncio e o prazo final, para não deixar a população pensar, para não surgirem tantas análises. Eu não colocaria meu dinheiro nisso”, diz.

Já o professor de Finanças do Ibmec BH, Frank Magalhães, está entre os entusiastas do investimento. “Costumo dizer para os meus alunos que o FGTS é sim uma aplicação segura; segura de que você vai perder”, ironiza. “A conta é simples. O rendimento do dinheiro deixado no FGTS é de cerca de 5% ao ano.

Historicamente, a nossa inflação está sempre acima disso. Ou seja, o dinheiro do fundo na verdade está diminuindo. Se o trabalhador depender só desse recurso quando for utilizá-lo, vai ter perdido poder de compra”.

Magalhães, porém, ressalta que para quem estiver com o pensamento de buscar rendimentos assim que forem liberados, não é aconselhável o investimento. “Ao longo de um ano, não é verdade que o preço das ações seja maior do que é hoje. As chances disso acontecer, inclusive, são baixas. Minha expectativa é a de que, no longo prazo, entre 5 e 10 anos, teremos uma grande valorização das ações. A gente está falando da principal empresa de energia do Brasil”.

O valor mínimo de investimento é de R$ 200, e o limite é 50% do total existente no FGTS. Ou seja, só pode participar quem tiver, pelo menos, R$ 400 no fundo de garantia.

O modelo de compra se dá por meio dos Fundos Mútuos de Privatização (FMP), que existem desde 2000 e já foram utilizados nas negociações de outras estatais, como a Vale e a Petrobras. Desta vez quem optar por fazer o investimento não poderá utilizar os recursos por até 12 meses.

(Reprodução)

(Reprodução)

PASSO A PASSO 

O procedimento pode ser feito no próprio aplicativo FGTS. O trabalhador deve utilizar a opção “simulador de aplicação FMP-FGTS” para autorizar o banco cadastrado para saber o saldo do Fundo de Garantia. O próximo passo é apontar qual será o valor aplicado nas ações da Eletrobrás.

Também há a possibilidade de realizar o processo pelo app da Caixa. O usuário deve ir até a aba “Investimentos”, clicar em “Reserva FMP” e depois em “Recursos FGTS”. As contas disponíveis e os valores de investimentos delas vão surgir em seguida. É só clicar em “continuar”, selecionar as contas de interesse e digitar o valor da aplicação.

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