Expansão da rede hoteleira para a Copa de 14 e pandemia impulsionaram crise no setor

André Santos
andre.vieira@hojeemdia.com.br
14/04/2021 às 20:23.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:41
 (FERNANDO MICHEL)

(FERNANDO MICHEL)

A expectativa dos leiloeiros tanto do Ambassy quanto do Othon Palace era atrair investidores dispostos a transformar os espaços para usá-los com outras finalidades, que não a hotelaria. Mas os altos investimentos em obras, aliados aos recursos que deveriam ser empregados para a compra dos imóveis, provavelmente inviabilizaram os negócios.

Essa é a opinião do consultor estratégico em turismo e hotelaria Maarten van Sluys, para o qual os efeitos da pandemia impediram qualquer tentativa de modernização dos espaços. “Para a hotelaria, esses prédios são inviáveis. Em razão das inúmeras mudanças a que teriam que ser submetidos, e com a pandemia, investir nisso, neles, é jogar dinheiro fora”, explica.

Dar novos usos aos empreedimentos, que já não têm mais tanta potencialidade econômica na hotelaria, seria a solução para impedir que duas grandes e tradicionais estruturas urbanas da capital ficassem ociosas. 

Saturação

A derrocada de hoteis tradicionais também tem relação com uma situação mais recente, provocada pelo boom de novos empreendimentos do setor verificados na capital, desde antes da Copa de 2014.

Segundo o advogado Kênio Pereira, presidente da Comissão de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados de Minas Gerais (OAB/MG), a Prefeitura de Belo Horizonte deveria revisar a legislação da época que garantiu a construção de hoteis em BH, obrigando que os donos se mantivessem no ramo hoteleiro por pelo menos uma década. 

“Muitos desses imóveis foram construídos em uma realidade que já não existe mais e que talvez nem volte a existir. É necessário mudar a natureza dos usos destes imóveis, para garantir que o investimento feito quando da construção não seja jogado no ralo”, afirma.

Para Guilherme Sanzon, a expansão do setor e a construção dos novos empreendimentos hoteleiros – que hoje não conseguem operar por falta de demanda – acabou sendo superestimada. Para o presidente da ABIH-MG, faltou movimentação do poder público para fomentar uma política de incentivo ao setor turístico mineiro que transformasse BH em um destino de serviços, eventos, história e gastronomia. “Isso começou a ser ensaiado, mas foi tardio. A política tinha que ter vindo antes dos investimentos, mas fomos na contra mão. E agora, temos um problema em que não há solução a curto prazo”.

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