Sabores inusitados como churros, paçoca ou cebola com rapadura caíram no gosto dos clientes dos amigos de infância Gustavo Franklin e Gustavo Zacharias que, em 2016, fundaram a marca Senhora Pipoca.

A dupla começou o negócio oferendo as pipocas diferentes em feiras e aniversários, usando uma bike. As combinações tão diferentes das pipocas fizeram tanto sucesso que, rapidamente, os dois viram o empreendimento crescer.

Pipoca de doce de leite, chocolate com café, banana com canela ou rapadura com coco caíram no gosto dos clientes e ajudaram a empresa a entrar em grandes redes varejistas (Da Senhora / Divulgação)

“Expandimos o negócio e começamos a fornecer também para supermercados, como Super Nosso e Verdemar, e Drogaria Araujo. Também criamos novos produtos, incluindo paçoca, bananinha e amendoim. Mudamos o nome para Da Senhora, pois precisávamos de um nome que englobasse todo o nosso mix”, conta Franklin.

Apesar da mudança, as pipocas ainda continuam sendo o carro-chefe da marca. “Elas são responsáveis por 65% do nosso faturamento. Neste ano, nosso faturamento cresceu 25% em relação ao ano passado. Para o próximo ano esperamos um aumento de cerca de 40%”, afirma.

Para o empresário, inovar e sair da caixinha é fundamental para se diferenciar dos “gigantes” do mercado. “Não temos como competir com as grandes empresas, então oferecer qualidade e uma experiência de consumo diferenciada é o caminho para conquistar clientes e não precisar competir com preços baixos”, diz.

Gustavo Franklin afirma que "boa qualidade e inovação garante um espaço aos pequenos empresários no mercado" (Da Senhora/Divulgação)

Gustavo faz parte do movimento de empresários que apostam na inovação para se destacar e alavancar negócios no ramo alimentício. Simone Lopes, analista técnica do Sebrae Minas Gerais, concorda que o caminho para os pequenos empresários deste segmento é focar em ingredientes regionais ou inusitados. Porém, recomenda planejamento e cautela.

“Antes de inserir um produto no portfolio, é fundamental realizar testes com pequenos grupos para verificar a aceitação e a necessidade de possíveis ajustes. Parece óbvio, mas muitos empreendedores desenvolvem o produto e já produzem em escala comercial. Mas, se não vende, a possibilidade de prejuízo é grande”, orienta.

A analista também recomenda focar em nichos específicos, como pessoas que estão em dieta ou têm alguma restrição alimentar. “São clientes que estão sempre buscando e pesquisando por este tipo de produto, justamente por ser mais difícil de achar”, aponta.

Foi isso que a empresária Maria Elza Starling fez quando abriu a Lifeme, em 2015, um negócio voltado para atender pessoas alérgicas, intolerantes a lactose, glúten e ao leite. Ela, que também tem uma grave intolerância à lactose, precisou rever os seus próprios hábitos alimentares.

Empreendedoras criaram cardápio focado em refeições saudáveis e começaram a oferecer para vizinhos, amigos e parentes e os negócios decolaram (Divulgação)

“O novo cardápio, focado em refeições saudáveis, conquistou a todos e logo passei a oferecer para vizinhos, amigos e familiares. Em dois anos inaugurei uma fábrica, contratei equipe e investi na montagem de um galpão industrial para a empresa decolar”, conta.

Em 2012, ela e a sócia Tatiana Veloso Franco faturaram mais de 3 milhões. “Nossa expectativa é fechar 2022 com a mesma curva de crescimento do ano anterior”, contou Maria Elza.

Para isso, a dupla aposta na ampliação do portfólio e chegada a novos mercados. “Vamos lançar uma linha de produtos saudáveis para as crianças. É um mercado carente e que pretendemos marcar presença”, explicou Tatiana Franco.

Clássico reinventado

Queridinho dos mineiros, o pão de queijo também entrou na rota da inovação. Michel Abras, chef de cozinha e pesquisador de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), achou nos quintais de Minas um diferencial para o seu produto.

“Uso ingredientes como jenipapo, taioba, hibisco e ora-pro-nóbis para dar cor aos produtos e despertar a curiosidade principalmente de crianças e jovens, que serão os consumidores do futuro”, afirma o dono da marca Quintal de Minas.

De acordo com ele, diversos testes são realizados antes do lançamento dos produtos, tanto para acertar a receita quanto para comprovar a aceitação do paladar do público.

“É preciso testar para ver se o gosto vai agradar, se estamos usando a quantidade certa do produto. Reunimos amigos e familiares para opinar e também trabalhamos com as crianças, que são muito honestas e falam a verdade quando o produto não agrada”, diz.

Gostinho regional

Na capital dos bares, também não podiam faltar as bebidas alcóolicas com um toque de inovação. Por aqui, quem se destaca neste nicho é a Lambe Lambe, que oferece mais de 30 tipos de drinks com frutas tipicamente brasileiras como cajá manga, coco e jaboticaba.

São mais de 30 sabores de bebidas, com misturas bem pitorescas que caíram no gosto dos clientes, como a de tangerina com café.

“Nos inspiramos nas Hard Seltzers, bebidas feitas a partir de água com gás, álcool (base cereal ou cana) e aromas, que são muito populares no verão da Europa e dos Estados Unidos. O pulo do gato foi justamente incorporar esse toque regional que é só nosso”, afirma a diretora Kaká Campos.

Segundo ela, as bebidas também não levam conservantes e aromatizantes. “São bebidas muito leves e refrescantes, mesmo tendo 6% de álcool. Ou seja, agrada aquelas pessoas que gostam de beber, mas sem o peso de um drink muito forte”, diz.

O empreendimento tem dado certo. Além das três lojas já existentes, uma quarta está prevista para ser inaugurada até o fim do ano na Praça Raul Soares, região central. “Também está nos planos abrir uma em São Paulo, outra no Rio de Janeiro e mais uma no Espírito Santo em 2023”, afirma a empresária.