Pouca cachaça, Papa: consumo da bebida, tido como alto no país pelo pontífice, caiu 24% em 2020

Evaldo Magalhães
efonseca@hojeemdia.com.br
28/05/2021 às 18:49.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:02
 (Manoel Freitas)

(Manoel Freitas)

{Abordado no Vaticano, na quarta-feira (25), por um grupo que lhe pediu preces direcionadas aos brasileiros, o Papa Francisco fez piada: disse que o país não teria salvação, já que nele haveria “muita cachaça e pouca oração”. A brincadeira gerou um bocado de memes nas redes sociais, mas, ao fazê-la, o líder da Igreja Católica enganou-se – pelo menos no que diz respeito ao uso da bebida, nesta pandemia. 

Segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), representante de um setor que gera, hoje, 600 mil empregos diretos e indiretos, o consumo apresentou queda de 23,8% em 2020 – a maior dos últimos cinco anos. Os dados são do relatório anual da Euromonitor International, líder global no fornecimento de pesquisas de mercado.

Em Minas, estado com maior número de produtores de cachaça do país, parte delas “premium” (375 fabricantes, triplo do vice, SP) e campeão em quantidade de marcas (1.680), o baque foi na mesma proporção. E, além da baixa nas vendas, o prejuízo se estendeu às exportações, que despencaram 36,5%.

Em pouco mais de um ano, bares e restaurantes ficaram fechados por dez meses, em média, com variações pontuais entre cidades

Tanto no mundo quanto no mercado interno, os “vilões” contra a cachaça, assim como outras bebidas, foram o novo coronavírus e as restrições econômicas que gerou. “O que trouxe a queda de quase 25% no consumo foi, sobretudo, o fechamento de bares e restaurantes nas tentativas de conter a pandemia no Brasil”, diz o diretor executivo do Ibrac, Carlos Lima.

“Em 13 meses de crise, entre março de 2020 e abril deste ano, os estabelecimentos ficaram fechados dez meses, em média, com variações pontuais entre as cidades. E esses canais de distribuição representam 70% das nossas vendas”, completa.

Festas e eventos

De acordo com Tatiana Santos, superintendente do SindBebidas-MG, que congrega produtores de destilados, cerveja e outras bebidas do Estado, também contribuíram para o tombo no setor o impedimento, em diversas cidades, de festas e outros eventos-e até a Lei Seca, decretada por algumas prefeituras. 

“Muitos pequenos e médios produtores têm a maior parte das vendas não só em bares e restaurantes, mas em eventos e festas. Poucos faturam bem em supermercados, por exemplo. E mesmo nesses últimos, houve restrições”, afirma ela. 

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