Quem aguenta? Custo de materiais de construção bate recordes em março e tem maior alta desde 1995

Da Redação
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05/04/2021 às 17:43.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:36

Construir em Belo Horizonte ficou 2,05% mais caro em março, segundo  pesquisa sobre o Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m² - projeto-padrão R8-N) divulgada ontem pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas (Sinduscon-MG). Dentre os componentes do CUB/m², o custo geral com material cresceu 4,56%. Com o resultado, o indicador encerrou o primeiro trimestre do ano com elevação de 7,78%, a maior alta para o acumulado desde 1995. 

Ranking da subida de valores de insumos do segmento foi liderado por fios de cobre e aço CA-50 (10mm); produtos registraram altas de 105,99% e 93,42%, respectivamente.

 O aumento do valor dos materiais continua pressionando os custos do setor. Em março, observou-se que dez insumos tiveram elevações superiores ao IGP-M/FGV (2,94%). Entre eles: aço, fio de cobre, brita, esquadria e tubo PVC. Somente em março, o aço CA-50 registrou alta de 10,53%. O aumento do custo com materiais de construção bateu todos os recordes em março: foi o maior para o mês de março, o maior para o primeiro trimestre do ano e o maior acumulado em 12 meses desde 1995.

No acumulado de 12 meses, encerrados em março de 2021, o custo com materiais de construção aumentou 31,57%. Fios de cobre e aço CA-50 (10mm) lideram o ranking, registrando fortes elevações e gerando aumento acentuado no custo da construção. Neste período, a alta foi de 105,99% e 93,42%, respectivamente.

Para a analista econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, os impactos dessas subidas de preço tende a se dar não apenas no segmento, mas em toda a atividade econômica. "O expressivo aumento nos custos da construção exerce um efeito contracionista não apenas no setor, mas na economia como um todo.  Os novos investimentos imobiliários podem ser postergados, contribuindo para uma menor geração de emprego e renda e, com isso, fragilizando ainda mais o mercado de trabalho do país", afirma ela.  

A analista lembra ainda que a construção civil foi o setor que mais gerou novas vagas no Brasil em 2020 (mais de 106 mil) e que, diante da situação atual, os investimentos em lançamentos imobiliários poderão ser postergados, reduzindo a geração de vagas  de emprego. "O país, diante de um cenário ainda caracterizado por incertezas, em função do avanço da pandemia, da baixa velocidade do processo de vacinação, da inflação mais elevada e do difícil cenário fiscal, não pode abrir mão de setores estratégicos como a Construção Civil. Por isso, esse problema de aumentos exagerados nos custos do setor é tão sério", sustenta.

Preços finais afetados

Ainda segundo Ieda Vasconcelos, a alta de preços nos imóveis será inevitável, pois a elevação de  insumos fundamentais, como o aço, é da ordem de 90% a 100%. "Por isso, é o momento de comprar imóvel. Belo Horizonte e Nova Lima estão com baixo patamar de unidades disponíveis para comercialização. Novos lançamentos deverão ter novos preços para suportar a expressiva elevação de custos. A proporção dessas altas dependerá até onde vai o incremento nos custos do setor. Mas, sem dúvidas, todos os padrões (baixo, normal e alto) sofrerão reajustes", finalizou a economista.

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