A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte em adiar o retorno presencial das aulas para crianças de 5 a 11 anos tem causado revolta em muitos pais de alunos. Nesta quarta-feira (2), a capital ganhou 21 painéis de LED em protesto contra a medida que determinou o início do ano letivo para essa faixa etária em 14 de fevereiro, uma semana depois do previsto.

Com os dizeres “Imploramos: devolvam nossas escolas!! Escolas abertas já” as placas foram instaladas nas regiões Central, Centro-Sul, Nordeste, Oeste e Pampulha - confira os endereços no fim da matéria. Conforme a médica Stella Sala Soares Lima, de 47 anos, o objetivo da ação é sensibilizar as autoridades e a população para a causa.

Lima tem dois filhos e faz parte do grupo que organizou a instalação dos painéis. Ao Hoje em Dia, ela contou que os pais de alunos estão indignados com a medida da PBH, tendo em vista que o executivo está condicionando a volta às aulas à vacinação. "Nós entendemos que a educação é um direito absoluto, e ela não pode estar condicionada à vacinação (...) o calendário de vacinação não progrediu essa semana, de forma que ainda não conseguimos vacinar nenhuma crianças de 5 a 8 anos", afirmou.

Nessa terça-feira (1º), as escolas particulares de BH informaram que se preparam para a volta às aulas nesta quinta-feira (3). De acordo com as instituições, para a faixa etária que não poderá retornar de maneira presencial, as aulas serão remotas.

Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas (Sinep-MG), a Defensoria Pública do Estado (DPMG) foi acionada na última sexta-feira (28) para discutir a decisão da PBH. Na ocasião, o Sinep informou que no encontro foram solicitadas ações para que a medida fosse revogada e as aulas antecipadas.

Nessa segunda-feira (31), a DPMG afirmou que vai requisitar aos municípios dados epidemiológicos, tais como ocupação de leitos de enfermaria e CTI infantil e o número de infectados e mortos pela Covid-19, que fundamentam e justificam a medida de prorrogação do início das aulas em Belo Horizonte e Nova Lima.

Com base nos dados, a defensoria vai avaliar as medidas a serem adotadas, seja pela tentativa de decisão consensual com os municípios ou pela via judicial.

Escolas preparadas
Conforme o presidente do Sinep-MG, Winder Almeida, os diretores das instituições estão indignados, tendo em vista que as escolas se prepararam para o retorno presencial seguindo todos os protocolos de saúde exigidos.

"Nós não concordamos com o adiamento das aulas, já que, além das instituições já terem se preparado para esse retorno, a medida discrimina o espaço escolar, visto que esses alunos serão restritos às escolas, mas poderão frequentar outros espaços públicos e privados como shoppings e parques", explicou.

Para os pais, o ambiente escolar é o mais seguro durante a pandemia. “As escolas tem os mais rígidos protocolos de segurança e as crianças são exemplares em cumpri-los. Elas já ficaram mais de 400 dias sem aula nos outros dois anos e elas não toleram ficar mais 14 dias sem aulas ou em aulas remotas”, afirma a mãe e médica, Stella Sala Soares Lima.

Apoio

Na última quinta-feira (27), mesmo dia em que o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), informou a respeito da medida de adiamento das aulas, o Sindicato dos Professores das Escolas Particulares de Minas (Sinpro Minas) manifestou apoio à decisão.

Em comunicado divulgado no site do movimento, os professores afirmaram que a decisão era "prudente", tendo em vista que a vacinação das crianças de 5 a 11 anos foi autorizada no Brasil com mais de três meses de atraso, em comparação com outros países.

Confira os endereços em que foram instalados as placas de LED contra o adiamento das aulas das crianças: