Valorização

Arte vai transformar casas do Aglomerado da Serra com novas cores e mensagens de proteção às águas

Com participação e protagonismo da comunidade, nova obra abrange o tema ''Águas da Serra'' e homenageia os três mananciais que cortam a maior favela de Minas

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 18/08/2025 às 19:23.Atualizado em 18/08/2025 às 19:43.
Na 3ª edição do projeto Morro Arte Mural, 40 casas do Morro do Papagaio receberam um macro mural da artista capixaba Kika Carvalho (Isis Medeiros)
Na 3ª edição do projeto Morro Arte Mural, 40 casas do Morro do Papagaio receberam um macro mural da artista capixaba Kika Carvalho (Isis Medeiros)

Fachadas de casas do Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de BH, ganharão novas cores. A pintura das residências da maior favela de Minas integra o projeto Morro Arte Mural (Mamu), que pretende compor um macro mural no local, que poderá ser visto da Praça do Cardoso. O projeto, criado pelo artista Jorge dos Anjos, conta com a participação da comunidade. 

O tema será “Águas da Serra”, em referência aos três mananciais que cortam a região. Ele foi escolhido a partir da escuta ativa às demandas da comunidade, que revelou a urgência em preservar os mananciais que cortam o morro - Acaba Mundo, da Serra e do Cardoso, que nasce na Vila Cafezal e segue seu curso pela Cardoso, passando pela Avenida Mem de Sá até desaguar no Arrudas. 

Maria Conceição da Costa - moradora e filha de Dalila Monteiro, uma das maiores lideranças do Aglomerado -, explica a importância que esses mananciais têm para a história local. “Antigamente, cada água tinha um propósito. Uma era pra lavar a roupa, outra era pra beber e fazer comida, tomar banho e por aí vai. Não havia água encanada ou tratada, então a gente subia com as latas na cabeça e depois enchia os galões de água’’, conta .  

Para Juliana Flores, diretora artística e curadora do projeto, a iniciativa propõe um reencontro poético, cultural e político com as águas originárias de BH, levando em consideração que a cidade cresceu, muitas vezes, de costas para os rios e córregos. ‘‘Mais do que recursos naturais, essas águas carregam as memórias de um território profundamente conectado com o meio ambiente”, explica. 

Comunidade é protagonista 

Um dos pilares centrais do Mamu é a valorização da comunidade local. Ao contrário de outros anos, nesta edição, todos os detalhes foram pensados para tornar os moradores do local os maiores apreciadores do projeto.

O principal exemplo dessa mudança de conceito é a disposição do macro mural. Em outras edições, a vista privilegiada era de quem passa por grandes avenidas da cidade como na Avenida dos Andradas, com a primeira edição do macro mural do Alto Vera Cruz em 2018; avenida Antônio Carlos, na Vila Nova Cachoeirinha em 2022; e avenida Senhora do Carmo, no Morro do Papagaio, com a terceira edição em 2024.

Em 2025, a vista do macro mural privilegia a própria comunidade e quem passa pela famosa Avenida Cardoso, via que dá acesso à Praça. Além desses pontos, o Mamu continuou priorizando contratações e fornecedores, já que 50% dos envolvidos são do Aglomerado da Serra, fomentando o desenvolvimento social e econômico, que vão de produtores a artistas locais.

A participação local é amplamente reforçada durante toda execução. Tal como as casas formam um grande mural, a comunidade, em coletivo, se transforma em uma grande equipe. São eles que decidem como e o que será feito. O protagonismo começa quando o morador avalia a proposta e assina o termo de aprovação, passando pela articulação com os vizinhos, a mobilização, as reuniões da equipe com a comunidade, as ideias para a comunicação do projeto, o fortalecimento da proposta com outros atores do território, no cafezinho que alimenta quem está ali preparando a base para a chegada do desenho e na programação artística que complementa todo o período do processo de pintura. 

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