
Lançado diretamente no canal de streaming Disney+, “Abracadabra 2” consegue superar o filme original, exibido em 1993, a partir de uma fórmula muito eficiente que nos remete às comédias fantasiosas da década de 1980, em que ingredientes como humor e aventura surgem na medida certa, sem deixar os efeitos especiais ganharem atenção em demasia.
A continuação extrai o que havia de melhor no primeiro filme, em especial a relação do trio de protagonistas, três irmãs bruxas de estilos e humores muito diferentes, como se fossem os Três Patetas do mundo da magia, com uma, a mais inteligente e turrona, tomando a liderança, enquanto as outras duas têm se revelam mais ingênuas, garantindo boas sequências cômicas.
Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy retornam aos papéis, 29 anos após o “Abracadabra” dirigido por Kenny Ortega, coreógrafo que assinou, posteriormente, o musical teen “High School Musical” (2006). Elas são, de certa forma, as vilãs da história, tanto no primeiro como agora, mas nunca têm efetivamente uma torcida contra, até pela inserção de um prólogo nas cenas iniciais.
Na Idade Média, elas eram apenas adolescentes meio inconsequentes quando foram banidas da cidade de Salem por um reverendo autoritário, devido à prática de bruxaria. Esse prólogo é um dos grandes achados dessa sequência, por, primeiramente, não nos obrigar a ver a obra de 1993 para entender plenamente o arco narrativo, como se fosse uma história independente.
O segundo, por sinal, praticamente repete o mote do primeiro, a partir da descoberta, por um grupo de estudantes de nossa época, de um livro capaz de trazê-las à vida. A informação da introdução traz ainda uma mensagem bastante atual, sobre intolerância. O trio age como resposta à agressão sofrida séculos atrás e a compreensão dessas ações é bem assimilada pelo roteiro.
Sem ser panfletário, “Abracadabra 2” aborda ressentimentos que são levados por anos e a necessidade de sermos mais generosos – o que vale até para o garoto atleta da escola, que repete frases de preconceito sem saber o significado. A diretora Anne Fletcher (“Vestida para Casar”) revela um bom timing para a comédia de fantasia, algo que, no cinema americano de hoje, é cada vez mais raro.
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