TEATRO

Grupo mineiro comemora 20 anos com adaptação de texto de 'Deus da Carnificina'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
14/03/2022 às 07:05.
Atualizado em 14/03/2022 às 09:10
Peça poderá ser vista de quarta a domingo, na Sala João Ceschiatti do Palácio das Artes (IGOR CERQUEIRA/DIVULGAÇÃO)

Peça poderá ser vista de quarta a domingo, na Sala João Ceschiatti do Palácio das Artes (IGOR CERQUEIRA/DIVULGAÇÃO)

Ator e fundador da companhia teatral mineira Farsa, Alexandre Toledo esperava por uma longa e cara negociação para conseguir os direitos de adaptação de “Deus da Carnificina”, texto da francesa Yasmina Reza levado às telas por Roman Polanski em 2012, com Jodie Foster e Kate Winslet nos papéis principais.

“Por ter virado filme, com a assinatura de Polanski, imaginei que seria difícil. Mas o fato de termos feito outro texto da autora, ‘Arte’, facilitou bastante o contato com a agência que a representava. Após essa adaptação, ficamos apaixonados pelo estilo dela e fomos atrás de outros roteiros”, registra o ator.

Os direitos de “Deus da Carnificina” foram comprados a tempo de estrear nos palcos no ano em que a Companhia da Farsa completa duas décadas de atividades. A peça, que ainda tem no elenco Andréia Quaresma, Flávia Fernandes e Marcus Labatti ,poderá ser vista de quarta (16) a domingo (20), na Sala João Ceschiatti do Palácio das Artes.

Com direção de Sérgio Abritta, que também participou da versão de “Arte”, a montagem passou por uma inusitada preparação devido à pandemia, ao trocar os ensaios coletivos por encontros virtuais, e viu a estreia ser adiada diversas vezes, por conta do abre e fecha dos espaços, chegando a constar da programação da Campanha de Popularização do Teatro.

Os adiamentos ganharam um desfecho feliz, com uma data vaga na João Ceschiatti, sala que propiciou uma abordagem ainda mais intimista do texto, que confronta dois casais que, a partir de um problema com seus filhos, se veem numa discussão que só aumenta de tamanho, marcada por muitos insultos.

“O espetáculo foi muito bem desenhado para esse tipo de arena, trazendo uma intimidade maior com o público, possibilitando envolver quase todo o palco com telas metálicas, como aquelas usadas em galinheiros, oferecendo a impressão que os personagens estão dentro de uma jaula”, salienta Alexandre Toledo.

Ele enxerga pontos semelhantes entre “Deus da Carnificina” e “Arte”, que também mergulha os atores numa grande discussão, envolvendo três amigos a respeito de um quadro branco. “A princípio, a gente pensa que o casal que tem o filho agredido é mocinho, mas, na verdade, cada um está defendendo o seu sonho e todos são vilões”, analisa.

Para o ator, a aparente cordialidade é apenas uma casca, como se a distância entre a civilidade e a barbárie estivesse apenas por um fio. “É isso o que a autora busca explorar. Apesar de ser mais sutil, ela não deixa de falar de política, colocando o dedo na ferida de uma maneira diferente”, assinala.

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