MÚSICA

Martinho da Vila lança último álbum da carreira, com participação do mineiro Djonga

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
21/03/2022 às 16:00.
Atualizado em 21/03/2022 às 16:05
"Mistura Homogênea" está sendo lançado no ano em que a Vila Isabel homenageará o sambista carioca (Sony/Divulgação)

"Mistura Homogênea" está sendo lançado no ano em que a Vila Isabel homenageará o sambista carioca (Sony/Divulgação)

Após 53 anos da estreia fonográfica, o cantor e compositor Martinho da Vila deve fazer, com o recém-lançado “Mistura Homogênea” (Sony), já disponível nas plataformas digitais, a sua despedida do formato álbum.

“É uma decisão que tomei. Atualmente não existe mais o disco físico, (formato) que não tem mais onde e como tocar. Nem mesmo aparelho de CD tem mais”, registra o sambista de 84 anos, em entrevista ao Hoje em Dia.

Martinho adianta que o presidente da gravadora, Paulo Junqueira, ainda tenta demovê-lo da ideia. “Ele ouviu a notícia e não gostou nada. Disse que gosta de botar os meus discos e ficar ouvindo e para eu tratar de fazer outro”.

O cantor prefere lançar singles, sem se preocupar em criar um conceito para juntar as músicas num álbum. Foi assim, aliás, que “Mistura Homogênea” nasceu, a partir de quatro canções gravadas de forma separada.

Ouvindo as gravações, percebemos que dava para fazer um disco com esse tema da homogenia, uma das “heranças” do tempo em que era auxiliar de químico industrial, responsável por preparar óleos, graxas, ceras e sabões.

“Foi a minha primeira profissão, após me formar no Senac. Não sei mais nada hoje, mas sempre fica alguma coisa”, detalha Martinho, que criou um álbum calcado em obras inéditas (apenas duas são regravações), com várias participações.

Entre elas está o rapper mineiro Djonga. O veterano confessa que não conhecia o trabalho do autor de letras recheadas de críticas sociais. A ideia para o convite partiu do produtor Celso Filho e do filho Martinho Antônio.

“Martinho pegou a música ‘Era de Aquarius’ e disse que dava para pôr uma mistura ali, com alguém falando alguma coisa, e meu neto completou sugerindo um rapper. Tinha pensado no Rappin’ Hood ou Gabriel, o Pensador”, recorda.

Após ouvir as músicas de Djonga, porém, a aprovação foi imediata. “Ele é uma figura ótima! Quando chegou para gravar, me perguntou o que queria que ele fizesse e eu respondi para fazer o que quisesse. E ele mandou um rap maneiro”.

Boa parte do repertório tem um tom reflexivo, falando de temas como tolerância e respeito. “A música tem uma função principal que é satisfazer os ouvidos. Mas quando ela leva também à reflexão, aí fica completa”, afirma.

No disco, ele conta ainda com Zeca Pagodinho, Xande de Pilares e Hamilton de Holanda, além de todos os filhos e netos cantores. A reunião familiar acontece na faixa “Canta, Canta, Minha Gente! A Vila é de Martinho”, samba-enredo da Vila Isabel para o Carnaval de 2022.

“Há anos que a Vila Isabel pensa em fazer um enredo sobre mim. Era para ter acontecido no ano passado, mas não houve Carnaval por causa da pandemia. A escola me mandou 16 sambas pré-selecionados e gostei de todos”, destaca.

A Martinho, que compôs inúmeros sambas-enredo para a escola fluminense, foi dada a missão de escolher a melhor. “Eu respondi nem pensar (risos). Preferi mandar umas cinco (indicações)”, diverte-se o homenageado.

Ele concorda que a selecionada é diferente, ao promover, em suas letras, uma conversa com o cantor. “Já começa falando ‘Ferreira, chega aí, bebe logo uma gelada e venha curtir’. Adoro a frase ‘Modéstia à parte, Martinho é da Vila’”, analisa.

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