A ópera barroca italiana "Tolomeo e Alessandro", com música de Domenico Scarlatti e libreto de Giuseppe Capece, ganha a sua primeira montagem na América. Com a direção musical e artística de Robson Bessa, direção vocal de Sérgio Anders, e direção cênica de Francisco Mayrink, a estreia será pela "Temporada de Ópera On-line 2021", no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, neste sábado (23), às 20h30.
Composta em 1711, a ópera apresenta de maneira magistral, por meio da música e da poesia, questões humanas universais, como o amor, o ciúme, a inveja, a ambição e a fraternidade. Integram o elenco, ao lado da Orquestra Barroca Musica Figurata, importantes solistas, como as sopranos Luane Voigan, Daiane Melo e Camila Correa, além da mezzo-soprano Carol Rennó e dos contratenores Sérgio Anders e Sávio Faschet. A montagem tem correalização da OPEMG Cia de Ópera Barroca, Musica Figurata e Appa Arte e Cultura.
A proposta da montagem é mergulhar no universo da ópera barroca italiana através da obra de Domenico Scarlatti, filho de Alessandro Scarlatti, grandes compositores operísticos dos séculos XVII e XVIII. Nascidos na Itália, país onde surgiu a ópera, os Scarlatti foram fundamentais no desenvolvimento do gênero artístico que ganhou o mundo ocidental, sendo exportado para outros países, a partir do período barroco.
Robson Bessa, estudioso da música barroca italiana no Brasil e um dos principais especialistas na interpretação da música vocal da família Scarlatti, revela que entre os anos 1779 e 1781, foram representados mais de 70 títulos de óperas italianas, na Casa da Ópera, em Ouro Preto. "Antigamente, cidades como Sabará, Santa Luzia, Juiz de Fora, Nova Lima e São João del-Rei também abrigavam suas Casas da Ópera. A partir daí eu percebi a necessidade de recriar essa tradição da música barroca italiana em Minas Gerais. Por isso será encenada 'Tolomeu e Alessandro', com uma Orquestra Barroca, no Palácio das Artes, a principal instituição operística de Minas Gerais", pontua.
Versão adaptada
A partitura original de "Tolomeo e Alessandro", redescoberta na Inglaterra em 1984, compreende uma ópera de três horas e meia. No entanto, a montagem no Palácio das Artes foi concebida para ser também o primeiro registro audiovisual do título. Assim, a obra original, que contém três atos, sofreu cortes substanciais para ser adaptada ao formato virtual e chegar ao tempo de aproximadamente uma hora e quinze minutos.
“Nesta adaptação foram escolhidos os momentos chaves da história, que mostram os afetos variados, a riqueza da música barroca, além do poder e da genialidade da obra de Domenico Scarlatti. Desta forma, foram escolhidas árias contrastantes que ilustram as emoções humanas da maneira mais efetiva possível. No primeiro ato serão apresentados os personagens. No segundo ato o público vai assistir duetos e árias que explicam a história. E, por fim, no terceiro ato, acontecerá a conclusão, com os momentos mais dramáticos e alegres do enredo”, revela Robson Bessa.
Apesar de ter sido criada no ambiente árcade do barroco italiano, a obra é atemporal, sobretudo com a música de Domenico Scarlatti. Filho do grande Alessandro Scarlatti, o maior compositor de ópera do final do século XVII e início do XVIII, Domenico recebeu uma formação musical esmerada, que pode ser percebida por meio da força de sua criatividade nas árias que ilustram o complexo rol dos afetos humanos.
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