Restauro de obras importantes de Aleijadinho ocupa a Casa Fiat

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
01/11/2021 às 10:01.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:10
 (Leo Lara/ Divulgação)

(Leo Lara/ Divulgação)


É como ganhar um Oscar. Mal comparando, essa sensação de grande alegria é compartilhada pela equipe do Grupo Oficina de Restauro ao iniciar o trabalho de restauração de três obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O processo será acompanhado ao vivo pelo público, na Casa Fiat de Cultura, a partir desta quarta-feira, marcando a reabertura do espaço da Praça da Liberdade após a pandemia.

“Aleijadinho é um grande mestre reconhecido internacionalmente. Tivemos vários escultores que vieram da Europa, mas ele foi o primeiro local a ter esse reconhecimento. Realmente é um enorme privilégio e uma grande responsabilidade. Ele não é meu ou seu. É de todo mundo, literalmente”, afirma Rosângela Reis Costa, restauradora e coordenadora do projeto de restauro das três imagens.

São três obras de santos feitas em madeira durante o século 18, pertencentes à Arquidiocese de Belo Horizonte e que vieram de diferentes paróquias da Região Metropolitana para receberem um urgente “banho de loja”. Uma delas é a imagem de Sant’Ana, mãe de Maria, que estava na Capela de Santana da Chapada, no distrito de Antonio Dias, em Ouro Preto.

A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Raposos, é a origem da escultura de São Joaquim, enquanto a terceira obra, de São Manuel, saiu do acervo da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caeté. “Foi uma escolha dificílima. Elas não são as mais importantes, mas as que merecem atenção prioritária, levando-se também em conta os recursos à disposição”, registra Rosângela.

O processo poderá ser acompanhado pelo público de quarta até 2 de dezembro, quando duas imagens serão expostas no espaço


Resgate

Para a coordenadora, possibilitar o acompanhamento de espectadores do restauro de obras tão valiosas significa esclarecer um processo que, muitas vezes, é confundido como “algo chique e bacana de trazer a peça de volta tal como era, novinha”. A restauração busca, acima de tudo, resgatar as imagens, sem deixar de manter as marcas do tempo e valorizar a história delas. 

“Quando fizeram o contato com o nosso grupo achamos que era uma chance maravilhosa de esclarecer o que é a restauração”, afirma. O processo é longo e custoso, envolvendo vários profissionais. A liderança é toda ela feminina – além de Rosângela, fazem parte da equipe de coordenadoras Guilia Cavalcante, Roseli Cota e Maria Tereza Dantas Moura, cada uma responsável por uma determinada obra. 

A restauração contempla várias etapas. Uma primeira foi realizada longe da Casa Fiat, quando a equipe fez um trabalho de estudo in loco, munidos de lupas manuais e câmeras fotográficas, com o objetivo de colher o “máximo de impressões que a peça pode nos oferecer, tanto do ponto de vista de estilo, do movimento composicional e das linhas de forças”. 
Essa etapa resultou num diagnóstico minucioso dos danos e num projeto de intervenção.

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