PARABÉNS!

Um dos monstros sagrados da MPB, Caetano Veloso completa 80 anos neste domingo

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 07/08/2022 às 06:36.
O cantor baiano volta a se apresentar em Belo Horizonte no dia 29 de outubro, no Expominas Arena (Fernando Young/Divulgação)

O cantor baiano volta a se apresentar em Belo Horizonte no dia 29 de outubro, no Expominas Arena (Fernando Young/Divulgação)

Caetano Veloso completa, neste domingo, 80 anos de revolução. A trajetória iniciada em 7 de agosto de 1942, na cidade de Santo Amaro, no interior baiano, é um marco em vários sentidos – da música ao comportamento, ele escreveu com tintas fortes o seu nome na história do país nas últimas oito décadas, traduzidas principalmente em canções que encantaram o mundo.

Dono de uma voz inigualável e quase sinônimo de baianidade, com uma forma de pensar e se articular muito própria, Caetano nunca se acomodou. “Dele a gente não espera nada. Ele é capaz de lançar um disco ou fazer um show para que as pessoas não o reconheçam, como diz o primeiro verso da letra de ‘Outro’”, registra Luiz Felipe Carneiro, editor do canal “Alta Fidelidade”.

O jornalista é, ao lado de Tito Guedes, autor do livro “Lado C – A Trajetória Musical de Caetano Veloso até a Reinvenção com a Banda Cê”, que se debruça principalmente sobre um período em que o artista resolveu dar uma repaginada na carreira, de 2005 a 2015, quando se associou a três jovens músicos que formaram a banda Cê para acompanhar o cantor em discos e turnês.

“O projeto com a banda Cê me marcou muito. Achei que foi algo diferente na carreira dele”, analisa Carneiro. Ao dar esse ousado passo, investindo em obras inéditas impregnadas de novas referências, Caetano renovou o seu público, indo contra a vontade daqueles que não queriam nada além dos sucessos que ele já tinha criado.

“Muita gente, principalmente no exterior, ia embora dos shows, xingando e pedindo o dinheiro de volta. Queriam o Caetano voz e violão, cantando ‘O Leãozinho’ e ‘Você é Linda’, que todo mundo aplaudia de pé. Alguns desses relatos estão no livro. Ele seguiu o caminho de Bob Dylan, que faz o que não estavam esperando dele”, registra o autor, citando o imprevisível cantor folk americano.

Nesse sentido, observa Carneiro, Caetano foi único, especialmente nesse momento em que surgem muitas comparações com outros cantores que completaram ou estão se aproximando dos 80 anos de vida (nomes do quilate de Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Chico Buarque, suprassumos da MPB), vários deles parceiros musicais e amigos de um dos gestores do Tropicalismo, na década de 1970.

“Não estou dizendo que ele seja melhor do que os outros. Isso é muito subjetivo. Todos são maravilhosos. Os shows de Caetano são muito diferentes uns dos outros. Ele reflete musicalmente o seu tempo”, avalia. O autor lembra que os shows do baiano vinham sob a batuta de Jaques Morelenbaum e, a partir dos 2000, houve uma certa ruptura, numa aposta mais rock’n’roll.

“Ele já estava no processo de separação da Paula Lavigne e ficou bastante próximo dos músicos Pedro Sá, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes. A ideia inicial era fazer um projeto clandestino, com a voz de Caetano modificada eletronicamente”, revela. A questão da voz não foi para frente, mas Sá municiou Veloso de músicas de Wilco e Pixels. “A única exigência dele foi ter um power trio, com guitarra, teclado e bateria”.

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