
Em cinco décadas de carreira, completados neste ano, Vera Fischer teve poucas oportunidades na comédia. “Sempre foram mais dramas e tragédias. Na TV, fiz a Yvete, de ‘O Clone’, que era um outro tipo, mais bobinha. Já a Dulce Carmona é um azougue, muito engraçada, não deixando barato para ninguém”, registra.
Dulce é a protagonista da peça “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito”, cartaz desta sexta, sábado e domingo, no Grande Teatro do Sesc Palladium. Vera Fischer interpreta uma mãe obcecada em arranjar um futuro melhor para o único filho, especialmente num momento de crise financeira da família.
O problema é que o coração dele já tem dono – pior, não tem o perfil adequado esperado por Dulce. “Ficam essas duas mulheres numa relação aparentemente só de ódio (há outras coisas também), com o filho sendo jogado de um lado para outro. As situações não param e o público rola de rir”, observa.
Requisitadíssima nas décadas de 1970 e 1990, tanto no cinema quanto na televisão, Vera não participou de muitas peças. “Fiz o caminho contrário. Normalmente se começa no teatro e depois vai para o cinema e a TV. Amo fazer teatro”, salienta Vera, que iniciou carreira no filme “Sinal Vermelho – As Fêmeas”, em 1972.
O retorno aos palcos, segundo ela, é muito propício. “As pessoas ficaram vendo TV por muito tempo, sem poderem sair. Elas querem sair, ver os atores de perto e se divertir”, assinala. Vera define a peça dirigida por Tadeu Aguiar, a partir de texto de Eduardo Bakr, como uma comédia “perversa, venenosa”.
Na relação de ódio criada entre as futuras nora e sogra, a veterana atriz enxerga um pedaço de realidade. “São pessoas de verdade. São problemas que existem nas famílias. O público acaba se reconhecendo em algum lugar, como mãe, nora ou filho. A gente retrata a realidade fazendo ficção”, pontua Vera.
Além de excursionar com a peça pelo Brasil e Portugal, ela já tem outros trabalhos agendados para 2022. Há desde filmes – um deles uma comédia natalina dirigida por Pedro Antônio e produzida pela Netflix – a uma exposição de 100 quadros que irão à leilão, passando pelo lançamento de uma linha de produtos de beleza.
“Estou com uma agenda bastante grande e concorrida. Projetos não faltam. O que falta é tempo para fazer tudo”, avisa a atriz, que ainda pretende lançar dois livros sobre sua trajetória marcada por personagens inesquecíveis, como nas minisséries “A Força do Desejo” e “Riacho Doce” e nos filmes “Amor, Estranho Amor” e “Doida Demais”
SERVIÇO
“Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito” – Nesta sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro). Ingressos: Plateia I – R$ 110 (R$ 55, a meia) e Plateia II –R$ 75 (R$ 37,50, a meia)
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