Após a derrota do Atlético para o Libertad, na estreia da fase de grupos da Libertadores, no Mineirão, o técnico Eduardo Coudet esbravejou na entrevista coletiva. O treinador se mostrou descontente com a diretoria e também com um sentimento de ter sido enganado com promessas falsas.

“Os investidores disseram que não tinham como contratar um 9. Tivemos que pedir por favor para os investidores que trouxessem um volante, pois só tínhamos um (disponível no elenco). Essa é a realidade que eu queria? Não. A equipe jogou muito mal hoje e sou responsável? Sim. Agora, pensam que não teríamos dificuldades com 20 jogadores, tendo três competições? Pensa que não tínhamos que resguardar jogadores para a final de domingo? O que é mais importante, essa partida ou jogar por um título?”, disse o treinador, em tom de revolta.

Coudet não poupou a diretoria e disse que a realidade atual é totalmente diferente do que foi apresentado para ele quando firmaram o contrato. O treinador afirmou não ter vindo ao Atlético por dinheiro, mas sim por ter gostado do clube, e do projeto apresentado.

“O projeto mudou. Passamos de poder comprar o Felipe, do Atlético de Madrid, e o Gilberto, do Benfica, para conseguir Saravia e Lemos de graça, depois de ter que ligar para os jogadores e pedir por favor. Esse é só um exemplo. Então parece que mudou (o projeto) ou não? Tentamos fazer o melhor possível”, desabafou o argentino.

O treinador argentino seguiu o desabafo falando da dificuldade de trabalhar com um elenco curto, principalmente para um clube que tem três campeonatos importantes para disputar. Para esta noite, Coudet não teve, por exemplo, atacantes da equipe principal no banco, precisando promover a estreia do jovem Isaac. Ele criticou também sobre as saídas, como as de Ademir e Sasha.

Vai sair?

Coudet revelou ainda que, já que o que foi prometido para ele não está sendo colocado em prática, ele conversou com a diretoria e os investidores para ter uma possibilidade de deixar o clube, caso necessário: “A única coisa que pedi é uma cláusula de saída, porque trocou tudo. É a única coisa que pedi aos investidores e diretores. Pedi uma cláusula de saída porque não é o que me prometeram quando me buscaram. Os clubes grandes são difíceis. Eu assinei por dois anos. E agora, o que faço?”.

Na bronca com a torcida

O desabafo de Coudet sobrou também para os torcedores. Muitos vaiaram alguns jogadores durante a partida e, os que estavam próximo do treinador, chegaram a jogar cerveja em suas costas e cobrá-lo. O argentino afirmou que nunca havia vivido por isso, mesmo tendo vencido 10 de 15 partidas: “Agradeço os torcedores que empurram até a morte. Mas vivi hoje algo que nunca tinha visto, meu próprio torcedor atirando copo de cerveja. Isso é normal com 10 partidas que ganhamos?".