“Se alguém já te deu a mão e não pediu mais nada em troca, pense bem, pois é um dia especial”. É entoando esses versos que a torcida da Chapecoense receberá o Atlético Nacional de Medellín, às 19h15 desta terça-feira (4), na Arena Condá.
A homenagem ao adversário seria inusitada em qualquer jogo de futebol, ainda mais na decisão de um título internacional inédito para ambos. A primeira partida pela Recopa Sul-Americana, no entanto, representará o tão aguardado encontro entre os times, quatro meses após a tragédia que dizimou a delegação da Chape e matou 71 pessoas na Colômbia.
A canção “Dia Especial” (ouça abaixo), gravada pela banda Cidadão Quem em 1998, foi escolhida pelo clube brasileiro como trilha sonora para uma série de ações especiais em agradecimento aos verdolagas pelo apoio recebido desde o acidente aéreo.
Na ocasião, a delegação da Chape viajava para encarar o Atlético Nacional no confronto de ida pela final da Copa Sul-Americana de 2016. Com o cancelamento do duelo, os colombianos abriram mão do troféu e pediram à Conmebol que declarasse a equipe catarinense campeã do torneio.
A presença do time brasileiro na Recopa, inclusive, se deve à atitude dos atuais campeões da Libertadores. Se os colombianos vencessem também a Copa Sul-Americana, a Chape precisaria disputar a vaga com o Independiente Del Valle, vice-campeão da principal competição do continente.
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Com o título da Copa Sul-Americana, o clube catarinense recebeu o equivalente a R$ 12,5 milhões, levando em conta as premiações pagas a cada fase do torneio. Considerando as cotas pelas participações garantidas na Recopa e na Libertadores deste ano, o montante chegou a R$ 16,6 milhões. E ultrapassará a marca dos R$ 18 milhões em caso de conquista sobre o Atlético Nacional.
O “Show do Agradecimento” terá fan fest com telão em uma praça de Chapecó, passeata com trio elétrico, abraço simbólico na Arena Condá e queima de fogos de artifício após a partida.
O clube catarinense precisou de autorização especial para utilizar o estádio na final da Recopa. Segundo o regulamento do torneio, o jogo só poderia ser disputado em local com capacidade para 40 mil torcedores ou mais, enquanto o campo da Chape suporta aproximadamente 20 mil pessoas.
Recepção
O clima de amizade entre as cidades de Chapecó e Medellín e os dois clubes foi reforçado desde o desembarque do Atlético Nacional, no início da tarde de ontem. Ainda no aeroporto, os colombianos receberam medalhas comemorativas ao som de uma banda marcial. E, depois, foram escoltados por um caminhão do Corpo de Bombeiros até o hotel.
“As demonstrações de carinho ultrapassam o imaginado. O povo de Chapecó foi às ruas para festejar o Atlético Nacional. O rio humano, a caravana que seguiu o ônibus, as pessoas pelas ruas, com mãos levantadas, placas, cartazes. Se entregaram por uma causa e conquistaram nossos corações. Nossa gratidão eterna”, agradeceu o clube colombiano em publicação no site oficial.
Tradicionalmente, a Recopa começa a ser decidida na casa do campeão da Copa Sul-Americana, e a segunda partida é realizada na casa do vencedor da Libertadores. Desta forma, o dono do troféu será conhecido no Atanasio Girardot, no dia 10 de maio. O estádio receberia os times no dia seguinte à tragédia e acabou virando palco de uma grande homenagem em 30 de novembro de 2016.